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Rachel de Queiroz

(Professora, Jornalista, Romancista, Cronista e Teatróloga)
1910-2003


Professora, Jornalista, Romancista, Cronista e Teatróloga. Nasceu, em Fortaleza, Capital do Ceará, em 17 de novembro de 1910 e faleceu no Rio de Janeiro em 4 de novembro de 2003. Filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, descende, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar, parente portanto do autor ilustre de "O Guarani" e "Iracema", José de Alencar, e, pelo lado paterno, dos Queiroz, família de raízes profundamente lançadas no Quixadá e Beberibe. Foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras. Eleita para a Cadeira de no 5, em 4 de agosto de 1977, na sucessão de Cândido Mota Filho, foi recebida em 4 de novembro de 1977 pelo acadêmico Adonias Filho. Integra o quadro de Sócios Efetivos da Academia Cearense de Letras (ACL), é Sócia Honorária da Academia Sobralense de Estudos e Letras e da Academia de Municipalista de Letras do Estado do Ceará (ALMECE) e Cadeira 15 da Academia Camocinense de Letras - Camocim-Ceará. Em 1917, Foi para o Rio de Janeiro, em companhia dos pais que procuravam, nessa migração, fugir dos horrores da terrível seca de 1915, que mais tarde a romancista iria aproveitar como tema de O quinze, seu livro de estréia. No Rio, a família Queiroz pouco se demorou, viajando logo a seguir para Belém do Pará, onde residiu por dois anos. Regressando a Fortaleza, Rachel de Queiroz matriculou-se no Colégio da Imaculada Conceição, onde fez o curso normal, diplomando-se em 1925, aos 15 anos de idade, segundo ela mesma, seu único estudo regular. Estreou no jornalismo em 1927, com o pseudônimo de Rita de Queluz, publicando uma carta ironizando o concurso \"Rainha dos Estudantes\", promovido por aquela publicação, no jornal "O Ceará", de que se tornou afinal redatora efetiva. Ali publicou poemas à maneira modernista, cujos ecos do sul, da Semana de Arte Moderna de 1922, chegavam a Fortaleza. Três anos depois, ironicamente, quando exercia as funções de professora substituta de História no colégio onde havia se formado, Rachel foi eleita a \"Rainha dos Estudantes\". Com a presença do Governador do Estado, a festa da coroação tinha andamento quando chega a notícia do assassinato de João Pessoa. Joga a coroa no chão e deixa às pressas o local, com uma única explicação \"Sou repórter\". Em fins de 1930, publicou o romance "O Quinze", que teve inesperada e funda repercussão no Rio e em São Paulo, antes, publicou o folhetim "História de um nome" - sobre as várias encarnações de uma tal Rachel - e organizou a página de literatura do jornal "O Ceará". Com vinte anos apenas, projetava-se na vida literária do país, através do "O Quinze", agitando a bandeira do romance de fundo social, profundamente realista na sua dramática exposição da luta secular de um povo contra a miséria e a seca. O livro, editado às expensas da autora, apareceu em modesta edição de mil exemplares, recebendo crítica de Augusto Frederico Schmidt, Graça Aranha, Agripino Grieco e Gastão Cruls. A consagração veio com o Prêmio da Fundação Graça Aranha, que lhe foi concedido em 1931, ano de sua primeira distribuição oficial. Em 1932, publicou um novo romance, intitulado João Miguel; em 1937, retornou com Caminho de pedras. Dois anos depois, conquistou o prêmio da Sociedade Felipe d' Oliveira, com o romance As três Marias. No Rio, onde reside desde 1939, colaborou no Diário de Notícias, em O Cruzeiro e em O Jornal. Cronista emérita, publicou mais de duas mil crônicas, cuja seleta propiciou a edição dos seguintes livros: A donzela e a moura torta; 100 Crônicas escolhidas; O brasileiro perplexo e O caçador de tatu. Em 1950, publicou em folhetins, na revista O Cruzeiro, o romance O galo de ouro. Tem duas peças de teatro, Lampião, escrita em 1953, e A Beata Maria do Egito, de 1958, laureada com o prêmio de teatro do Instituto Nacional do Livro, além de O Padrezinho Santo, peça que escreveu para a televisão, ainda inédita em livro. No campo da literatura infantil, escreveu o livro O menino mágico, a pedido de Lúcia Benedetti. O livro surgiu, entretanto, das histórias que inventava para os netos. Dentre as suas atividades, destaca-se também a de tradutora, com cerca de quarenta volumes já vertidos para o português. O presidente da República, Jânio Quadros, a convida para ocupar o cargo de ministra da Educação, que é recusado. Na época, justificando sua decisão, teria dito: "Sou apenas jornalista e gostaria de continuar sendo apenas jornalista." Foi membro do Conselho Federal de Cultura, desde a sua fundação, em 1967, até sua extinção, em 1989. É membro do Conselho Estadual de Cultura do Ceará. Participou da 21a Sessão da Assembléia Geral da ONU, em 1966, onde serviu como delegada do Brasil, trabalhando especialmente na Comissão dos Direitos do Homem. Em 1985, foi inaugurada em Ramat-Gau, Tel Aviv (Israel), a creche "Casa de Rachel de Queiroz", sendo Rachel de Queiroz, o único escritor brasileiro a contar com essa honraria naquele País. Colabora semanalmente no Jornal O Povo, de Fortaleza e desde 1988, iniciou colaboração semanal no jornal O Estado de S. Paulo e no Diário de Pernambuco.
Prêmios outorgados (os principais): 1. Prêmio Fundação Graça Aranha para O quinze, 1930; 2. Prêmio Sociedade Felipe d' Oliveira para As Três Marias, 1939; 3. Prêmio Saci, de O Estado de São Paulo, para Lampião, 1954; 4. Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de obra, 1957; 5. Prêmio Teatro, do Instituto Nacional do Livro, e Prêmio Roberto Gomes, da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, para A beata Maria do Egito, 1959; 6. Prêmio Jabuti de Literatura Infantil, da Câmara Brasileira do Livro (São Paulo), para O menino mágico, 1969; 7. Prêmio Nacional de Literatura de Brasília para conjunto de obra em 1980; 8. Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará, em 1981; 9. Medalha Marechal Mascarenhas de Morais, em solenidade realizada no Clube Militar, em 1983; 9. Medalha Rio Branco, do Itamarati, 1985; Medalha do Mérito Militar no grau de Grande Comendador, 1986; 10. Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais, 1989; 11. Prêmio Camões, o maior da Língua Portuguesa, 1993, sendo a primeira mulher a recebê-lo; 12. Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual do Ceará - UECE, 1993; 13. Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Vale do Acaraú, de Sobral, em 1995; 14. Prêmio Moinho Santista de Literatura, 1996, dentre outros inúmeros prêmios e títulos. 15. Título Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 2000. 16. Medalha Boticário Ferreira, da Câmara Municipal de Fortaleza, 2001. 17. Troféu Cidade de Camocim em 20/07/2001 - Academia Camocinense de Letras e Prefeitura Municipal de Camocim.
Obras Principais: 1. O Quinze, romance (1930); 2. João Miguel, romance (1932); 3. Caminho de pedras, romance (1937); 4. As três Marias, romance (1939); 5. A donzela e a moura torta, crônicas (1948); 6. O galo de ouro, romance (folhetins na revista O Cruzeiro, 1950); 7. Lampião, teatro (1953); 8. A beata Maria do Egito, teatro (1958); 9. 100 Crônicas escolhidas (1958); 10. O brasileiro perplexo, crônicas (1964); 11. O caçador de tatu, crônicas (1967); 12. O menino mágico, infanto-juvenil (1969); 13. As menininhas e outras crônicas (1976); 14. O jogador de sinuca e mais historinhas (1980); 15. Cafute e Pena-de-Prata, infanto-juvenil (1986); 16. Memorial de Maria Moura, romance (1992); 17. Nosso Ceará (1997); 18. Tantos Anos (1998). Os dois últimos em parceria com sua irmã Maria Luiza de Queiroz Salek; 19. O Não Me Deixes - Sua História e sua cozinha.
Obras reunidas de ficção: 1. Três romances (1948); 2. Quatro romances (1960). 1. Seleta, seleção de Paulo Rónai; notas e estudos de Renato Cordeiro Gomes (1973).
Sua obra foi objeto de inúmeros estudos e teses. Morando no Rio de Janeiro, mantém apartamento em Fortaleza e a Fazenda Não Me Deixes, em Quixadá, sua grande paixão. Seu apartamento no Rio foi equipado com móveis levados do Ceará.
Nota: Os dados de Rachel de Queiroz foram obtidos em livros de e sobre a autora, sites da Internet, jornais e revistas de circulação nacional.

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