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Cícero Dias

(Pintor abstrato)
1908 - 2003


Pintor abstrato brasileiro nascido no Engenho Jundya, município de Escadas, Zona da Mata, Sul de Pernambuco, a 53 quilômetros do Recife, considerado mundialmente um dos maiores pintores da atualidade. Estudou na Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, e expôs (1927) pela primeira vez. Suas obras da juventude correm numa linha paralela às de Ismael Néri e trazem vagas reminiscências de Chagall. Passou a residir em Paris (1937), passando a freqüentar o ateliê de Picasso. Foi lá que conheceu Paul Éluard e juntou-se aos surrealistas franceses e integrou-se o grupo Espace e, no ano seguinte, realizou sua primeira mostra de arte. Com o início da guerra e a perseguição dos nazistas aos intelectuais franceses, o artista pernambucano fugiu para Portugal, e ainda foi à Inglaterra onde realizou uma exposição (1939). Com o final da guerra voltou a Paris, onde se ligou definitivamente ao Movimento de Arte Modera de Paris e passou a expor em vários países europeus. Influenciado pelo surrealismo nos anos 30 e pela arte abstrata pós-guerra, de volta para exibições de sua pintura no Brasil, expôs pelo Sudeste e Nordeste, e executou no Recife (1948), na Secretaria da Fazenda de Pernambuco, o que talvez tenha sido o primeiro mural abstrato sul-americano. Na Europa ganhou fama com suas participações no Salão de Arte Mural de Avignon (1949), do Salão de Maio (1950/1951), da exposição do grupo Klar Form, na Dinamarca, Suécia e Finlândia (1952), da XXVI Bienal de Veneza (1952) e da Exposição Universal de Bruxelas (1958). Voltou à arte figurativa nos anos 60 e as exposições se sucederam, como por exemplo, no Museu de Arte Moderna de Paris e Nova Iorque, Museu de Arte Americana, em San Francisco. A VIII Bienal de São Paulo (1965), dedicou-lhe uma sala especial. Uma grande retrospectiva intitulada Cícero Dias: síntese da obra, foi montada no Rio de Janeiro (1988) e percorreu diversas capitais brasileiras, com apoio do marchand Carlos Ranulpho, responsável pela venda de obras do pintor no Recife. Curiosamente ganhou do governo francês uma comenda que, embora motivo de muito orgulho, em nada se relaciona com a trajetória artística do pernambucano em Paris: a medalha da Ordem Nacional do Mérito da França, a maior comenda concedida pelo governo do país, por ter conseguido furar o cerco dos alemães, durante a Segunda Guerra, e ter chegado a Londres com um exemplar do poema Libertè, de Èluard. Traduzido para várias línguas, o poema foi distribuído por toda a Europa em forma de panfleto, por aviões aliados. Para disfarçar o texto que pregava a liberdade tão temida pela Gestapo, o pernambucano rasgou-lhe o título e o misturou com revistas e livros que levava na bagagem, levando-o para Portugal de lá para Londres. A insígnia só conferida a heróis nacionais franceses, foi entregue pessoalmente ao pintor, em solenidade realizada no dia 27 de maio (1998), pelo primeiro ministro francês Eduard Balladiur. O artista pernambucano morreu em janeiro em Paris, cidade onde morava, em sua casa, seu endereço há 40 anos, na Rue Long Champ, sem nenhuma causa específica, e foi enterrado, no cemitério de Montparnasse, após missa de corpo presente na igreja de Notre Dame de Grace de Tassy. Estava para completar 96 anos dia 5 de março. "Ele morreu tranqüilo e lúcido. Estava com sua esposa Raymonde, a filha e também pintora Sylvia e seus dois netos", disse Valdir Simões, responsável, juntamente com o jornalista Mário Hélio, pelo livro Cícero Dias - Uma Vida pela Pintura lançado no ano passado aqui no Brasil, no Recife, em evento que contou com a participação do próprio artista.

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