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José Celso Martinez Corrêa

(Diretor de teatro brasileiro)
30/3/1937, Araraquara (SP)


José Celso Martinez Corrêa emergiu nos anos de 1960 como um dos mais revolucionários diretores teatrais do país, numa época marcada pela encenação europeizada do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Desde então, vem construindo um dos mais originais percursos dos palcos brasileiros, além dos mais radicais e polêmicos, em busca de uma linguagem estética que revolucione o comportamento das pessoas. Associando seu teatro ao ritual dionisíaco, procura quebrar com a tradicional relação palco/pláteia e integrar o público à ação dramática, para retirá-lo de sua tradicional passividade. Experimentou assim as teorias stanislaviskianas, percorreu o realismo clássico de Maxim Gorki e Checov e experimentou o "teatro épico" de Bertolt Brecht. Atualmente, aproxima-se cada vez mais das idéias de Antonine Artaud. Formado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, criou, em parceria com Renato Borghi, Amir Haddad, Jorge da Cunha Lima e outros, o Teatro Oficina, em 1958. O espetáculo de estréia do grupo foi Vento Forte para Papagaio Subir (1958), escrito por ele mesmo. Depois de passar pelo grupo Teatro de Arena, dirigido por Augusto Boal, iniciou-se como diretor com A Vida Impressa em Dólar (1961), de Clifford Odets. Tomado pelo vigor e engajamento político, tanto quanto pela necessidade em promover rupturas, montou em 1967 seu mais inovador espetáculo: O Rei da Vela, de Oswald de Andrade. A peça, dedicada ao cineasta de Terra em Transe, Glauber Rocha, expressou as idéias do movimento tropicalista e marcou a história do teatro brasileiro. Misturava sem pudor teatro de revista, ópera, circo ao panfleto modernista e transitava com o elenco do palco para a platéia, confrontando o espectador. Assumindo seu "teatro de agressão", montou o explosivo Roda Viva (1968), de Chico Buarque de Hollanda; no mesmo dia em que foi decretado o AI-5, Galileu Galilei (1968), de Brecht; em seguida Na Selva das Cidades (1969), também do dramaturgo alemão; e Gracias Señor (1972), sua primeira criação coletiva. Preso e torturado pelo regime militar, partiu para o exílio, onde permaneceu de 1974 a 1978. De volta ao Brasil, reabriu o Oficina com a peça 25 (1979). Seus mais recentes trabalhos foram Ela (1997), de Jean Genet, e Cacilda (1998-1999), uma criação coletiva.

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