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Laurent Schwartz

(matemático)
1915 - 2002


Consagrado matemático francês nascido em Paris, durante a Primeira Guerra Mundial, o primeiro matemático da França a receber a Medalha Fields (1950), o mais importante prêmio internacional na área da matemática, e inventor de uma teoria que equaciona os mais complexos fenômenos, a Teoria das Distribuições, uma nova noção de função generalizada, motivado pela função delta de Dirac, originada da física teórica. Filho de um cirurgião e sobrinho do Professor Robert Debre, fundador da Unicef. Educado no Lycée Janson-de-Sailly de Paris, onde se destacou em matemática e latim, entrou para a École Normale Supérieure (1934), para estudar matemática e ainda bem jovem se tornou altamente politizado. Combateu a opressão do regime de Josef Stálin (1879-1953), na antiga União Soviética, e se tornou simpatizante (1936) do soviético Leon Trotsky (1879-1940), adversário político de Stálin. Graduado em Mathématiques (1937), casou-se (1938) com Marie-Hélène Lévy com quem teve um filho, que morreu aos 28 anos, e uma filha. A ascensão da extrema direita em países europeus e a eclosão da Segunda Guerra Mundial com o avanço dos regimes nazista e fascista, levaram o jovem matemático, de origem judaica, a mudar várias vezes de endereço e até adotar outros nomes para se salvar. Tornou-se Ph.D. pela Université Louis Pasteur, Strasbourg (1943), orientado por Georges Valiron, Ph.D. Université de Paris (1914). Ensinou na faculdade de ciências de Grenoble (1944-1945) e depois da guerra foi para Nancy, onde foi professor na faculdade de ciências local (1945-1953), período em que detalhou sua famosa teoria. Assim a guerra não o impediu de desenvolver sua obra mais importante, a Teoria das Distribuições, publicada em Théorie des Distributions, Editora Hermann, Paris (1966), uma das grandes revoluções da matemática do século XX e que lhe deu a medalha Fields, no International Congress in Harvard (1950). Condecoração que, como intelectual de esquerda numa época em que essa posição era fortemente combatida no Ocidente, teve dificuldades para receber, nos Estados Unidos. Só com ameaças de boicote dos matemáticos americanos ao evento, e com a intervenção do ex-presidente Harry Truman (1884-1972) é que ele obteve o visto de entrada. Voltou para Paris (1953) onde seguiu ensinando, inclusive sendo professor da École Polytechnique (1959-1980) e na Université de Paris VII (1980-1983). O matemático pacifista não se contentou em dedicar sua vida só à pesquisa científica. Além de brilhante matemático, foi um ferrenho defensor dos direitos humanos em várias partes do mundo. Opôs-se à Guerra do Vietnã, acusou seu país de desrespeitar direitos humanos em suas colônias na Ásia e África, que reivindicavam independência política, e usou seu prestígio como matemático para protestar ou negociar pelos perseguidos em regimes ditatoriais. Participou ativamente dos protestos contra a invasão do Afeganistão pelos soviéticos e contra o domínio russo da Chechênia, e intercedeu pessoalmente por matemáticos presos na antiga URSS, Tchecoslováquia e na América Latina. Poliglota, em visita ao Brasil, ministrou palestras em português, e aproveitou esta passagem para coletar borboletas tropicais para sua coleção, considerada uma das maiores do mundo, com cerca de 20 mil exemplares, e na qual chegou a classificar várias novas espécies. Publicou livros como Pour sauver l’Université (1983), Méthodes mathématiques pour les sciences physiques (1987) e Un mathématicien aux prises avec le siècle (1997), uma autobiografia e morreu em Paris, aos 87 anos. Considerado não só um matemático brilhante, mas um ídolo da História recente em seu país, foi homenageado na França por diversas entidades educacionais e científicas. Recebeu prêmios da Académie des Sciences de Paris (1955 / 1964 / 1972), sendo eleito seu membro (1972), e no exterior, com diversos diplomas honorários, incluindo das universidades da Humboldt (1960), Bruxelas (1962), Lund (1981), Tel-Aviv (1981), Montreal (1985) e Atenas (1993).

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