ADEMIR ANDRADE: MÁ DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS É O PRINCIPAL PROBLEMA DA SAÚDE



O senador Ademir Andrade (PSB-PA) apontou a má distribuição dos recursos investidos pelo governo federal no setor de saúde no país, sobretudo na Região Norte, como a principal causa da classificação do Brasil em 125° lugar - um dos piores do planeta -, no estudo sobre o sistema de saúde no mundo, recentemente divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Conforme o senador, apesar de ter havido um acréscimo nos recursos destinado à saúde entre 1996 e 1999, esse crescimento não contribuiu para reduzir as desigualdades regionais. "Muito pelo contrário, as desigualdades vêm aumentando", frisou o senador.Ademir Andrade citou a distribuição dos gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) para exemplificar o que chamou de "claro distanciamento" entre as regiões mais pobres e as mais ricas do país. Segundo ele, enquanto um cidadão da região Sudeste recebeu pelo SUS, em 1999, R$ 63,90, o "caboclo" da região Norte recebeu apenas R$ 36,87.- Veja o tamanho dessa disparidade. O cidadão do Norte, mais necessitado e mais carente recebe a metade daquilo que recebe o cidadão do Sudeste. Se analisarmos por estado da federação, a disparidade ainda é mais acentuada. Enquanto o SUS gastou R$ 69,18 per capita em São Paulo, em 1999, no Pará este gasto ficou em R$ 33,43. Menos da metade, portanto. É um tratamento de meio cidadão ou sub-cidadão, quando se trata da região Norte.O senador mencionou ainda nota divulgada pelo ministro da Saúde, José Serra, que, no mesmo dia em que a OMS publicou o estudo, tentou esclarecer os principais motivos de o país estar numa colocação tão ruim na avaliação da entidade internacional, tais como a profunda desigualdade na distribuição de renda, a semi-paralisação dos investimentos e a insuficiência de orçamentos para saúde.Ademir Andrade discordou do ministro afirmando que, segundo o próprio estudo da OMS, o principal problema não é o baixo financiamento das ações de saúde. O senador observou que se fosse avaliado o volume de financiamento, como o Brasil investe 3,17% do PIB em saúde, gastando US$ 428 per capita, "estaria num razoável 54° lugar". Ele lembrou que os Estados Unidos investem 13,7% do seu PIB no setor e estão em 37° lugar.Embora considerando o resultado do estudo da OMS como "estarrecedor", Ademir Andrade disse que sua divulgação é importante por expor a realidade à população e contribuir para o processo de tomada de consciência.- Só mesmo uma mobilização popular gerada pela indignação da sociedade fará com que o governo mude suas prioridades, voltando-se mais para as políticas sociais e para os interesses internos do país - afirmou o senador.

26/06/2000

Agência Senado


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