Ademir quer que deputados aprovem PEC contra trabalho escravo



O senador Ademir Andrade (PSB-PA) pediu que o presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves (PSDB-MG), determine a tramitação em regime de urgência da proposta de emenda à Constituição (PEC) que permite a desapropriação para reforma agrária de propriedades onde for constatada a exploração de trabalho escravo. A proposta, de sua autoria, já foi aprovada pelo Senado. Hoje, só são passíveis de desapropriação sem indenização as terras onde forem encontradas culturas de plantas psicotrópicas, como a maconha.

Em seu discurso, o parlamentar afirmou que a aprovação da proposta já foi pedida por diversas autoridades. Entre elas, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Francisco Fausto de Medeiros; do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Nilson Naves; do Secretário Nacional de Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, que disse falar também em nome do presidente da República; e do Chefe do Programa Internacional de Combate ao Trabalho Escravo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Roger Plant.

- Esses repugnantes escravocratas modernos devem, além de serem condenados e presos, perder o direito sobre a propriedade que utilizaram para a mais degradante exploração de seres humanos, com a finalidade de ampliar seus lucros. Se é o poder econômico que torna viável tal prática covarde, devemos atacar o mal pela raiz, retirando-lhes as propriedades tão desumanamente exploradas para destiná-las aos relevantes fins da reforma agrária - afirmou o representante paraense.

O senador lembrou ter também apresentado projeto de lei que acelera a possibilidade de desapropriação das terras onde se constatasse a existência de trabalho escravo, mesmo com as limitações constitucionais atuais. O projeto, já aprovado pelo Senado, também tramita agora na Câmara.

Ademir Andrade citou dados do Ministério da Justiça segundo os quais a Amazônia concentra 72% do trabalho escravo do país. No Pará, afirmou o senador, o problema atinge -dimensões maiores do que em qualquer outro estado-.

O parlamentar informou que o próprio governo federal estima haver 2,5 mil trabalhadores escravizados, enquanto a Comissão Pastoral da Terra (CPT), ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), calcula o número de escravos no país em 15 mil. Segundo ele, o frei Xavier Plasset, da CPT, citou relatório da OIT segundo o qual a reincidência no crime de trabalho forçado chega a uma média de 4,2 vezes.

- É mais uma vez a impunidade que faz com que esse absurdo desrespeito à condição humana continue a ser perpetrado - disse.



09/12/2002

Agência Senado


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