Agosto: precipitação zero em 90% do Estado



Análise indica que o Estado passa por um período “anormal” em comparação com anos anteriores

Análise das condições de seca no mês de agosto feita pelo Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (Ciiagro) do Instituto Agronômico (IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, indica que o Estado passa por um período “anormal” em comparação com anos anteriores. Há séria restrição hídrica, com baixas ou nulas precipitações e altas temperaturas.

Em agosto, praticamente choveu somente no litoral. “Em 90% do Estado a precipitação foi zero”, diz o pesquisador responsável pelo estudo, Orivaldo Brunini.  Mesmo assim, em localidades como Ubatuba, amplamente conhecida pela quantidade de chuvas, teve média de cem milímetros em agosto do ano passado e 40 neste.

Segundo ele, as anomalias de precipitação – que são a  diferença entre o total de chuva deste mês com as históricas daquela região – foram todas negativas. Municípios como Adamantina, Andradina, Bauru, Bebedouro, Campinas, Capão Bonito, Catanduva, Franca, Limeira, Marília, Pindorama, São Paulo, Tatuí e Votuporanga não tiveram nada de chuva em agosto. Em outros, como Presidente Prudente, Vargem e Tarumã, a quantidade foi irrisória.

“Não se pode dizer que isso seja conseqüência de alguma mudança climática. Podemos simplesmente observar o que vem ocorrendo e verificar se vai persistir por períodos mais longos. Não há nenhum fenômeno ao qual eu possa creditar esse comportamento”, afirma o pesquisador.

Brunini explica que normalmente chove pouco de julho a setembro, mas dessa vez está ocorrendo uma estiagem mais acentuada. Outro fato que mereceu atenção foi a alta precipitação na segunda quinzena de julho, com chuvas muito acima da média, também algo fora da rotina.

“As próprias temperaturas ficaram um pouco acima da média. Quanto à chuva, a média local em Campinas é de 37  milímetros em julho e 21 em agosto. Neste ano foi zero e, até agora, zero também em setembro, quando a média é 67”, exemplificou.

De modo geral, com relação aos aspectos grometeorológicos, o armazenamento de água no solo esta abaixo dos 40%, nível considerado crítico. A umidade relativa tem apresentado indices baixos com locais em estado de atenção ou alerta, porque a baixa umidade é acompanhada por alta temperatura do ar.

Problemas

 O comportamento do clima afeta as culturas agrícolas e pode causar até mesmo problemas sociais, conforme Brunini. A solução é irrigar, mas nem todos os produtores têm poder aquisitivo para instalar sistemas adequados. “Também pode ocorrer conflito para o uso da água. O pessoal quer irrigar; o povo quer consumir”, comentou, citando as bacias dos rios Turvo, Pardo e a região da Alta Paulista como passíveis de problemas nesse sentido.

Brunini diz que a colheita mecânica da cana é favorecida por esse clima, mas culturas com florescimento em julho, como os citros e o café, podem sofrer abortos de folhas e frutos. Por outro lado, o fato de terem raízes mais profundas os favorece, porque as chuvas de julho deixaram maiores as reservas hídricas profundas. Já culturas da época, como batata, feijão e
tomate, com pequenas raízes, são prejudicadas.

Da Secretaria Estadual da Agricultura

(S.M.)



09/14/2007


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