Alvaro Dias condena processo disciplinar que isentou Dilma Rousseff



O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) condenou nesta quinta-feira (31) as conclusões do processo disciplinar aberto pela Casa Civil da Presidência da República, que apenas responsabilizou o ex-secretário de Controle Interno José Aparecido Nunes Pires pelo vazamento do dossiê envolvendo gastos sigilosos com cartões corporativos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da mulher dele, dona Ruth Cardoso, recentemente falecida. A comissão isentou de qualquer responsabilidade a ministra Dilma Rousseff e a sua principal assessora, Erenice Guerra.

- O resultado do processo administrativo não tem valor algum, já que as investigações foram conduzidas pelos próprios responsáveis pela feitura do dossiê. É a mesma coisa de um cabrito cuidar da horta. Resta agora esperar que o Supremo Tribunal Federal autorize o delegado Sérgio Menezes, da Polícia Federal, a avançar nas investigações, porque há elementos suficientes para incriminar a própria ministra Dilma Rousseff de responsabilidade no episódio - garantiu o senador.

Alvaro Dias, que falou por telefone à Agência Senado, estranhou que um fato "tão grave como esse seja tratado com tanta displicência e de maneira grosseira pelo Palácio do Planalto". Para ele, o processo disciplinar não passou de uma "armação" do governo para proteger os responsáveis pela elaboração do dossiê e seu posterior vazamento, na tentativa de prejudicar a imagem de Fernando Henrique Cardoso.

Sobre a advertência ou suspensão temporária do cargo de José Aparecido recomendada pela Comissão de Processo Administrativo e Disciplinar (PAD) da Casa Civil, Alvaro Dias foi enfático: é apenas uma resposta tímida na tentativa de demonstrar serviço do Executivo.

Computador

O caso do dossiê ganhou as manchetes dos jornais no início do ano, depois que a documentação envolvendo gastos do ex-presidente Fernando Henrique e da mulher dele foi transmitida do computador de José Aparecido para o assessor parlamentar de Alvaro Dias, o economista André Fernandes. Houve a divulgação do dossiê, abrindo crise no governo dopresidente Luiz Inácio Lula da Silva. O assessor chegou até a ser responsabilizado pelo vazamento.

Por ordem da Casa Civil, a Polícia Federal começou a investigar o caso. Houve interrupção das investigações, ao mesmo tempo em que a Casa Civil abriu processo disciplinar para apurar os fatos, que culminou com a responsabilização de José Aparecido.

31/07/2008

Agência Senado


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