Alvaro Dias quer celeridade no julgamento de envolvidos no escândalo do mensalão



O líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), cumprimentou a Polícia Federal pela apresentação do relatório final do delegado Luiz Flávio Zampronha sobre o o escândalo do mensalão, episódio relacionado à compra de apoio político pelo governo no Congresso, e alertou para a necessidade de o Supremo Tribunal Federal dar celeridade ao processo de responsabilização civil e penal para evitar a prescrição do crime de formação de quadrilha.

A informação sobre o relatório da Polícia Federal foi publicada na revista Época deste final de semana, informou o senador, da tribuna nesta segunda-feira (4).

- Agora cabe à oposição convocar a opinião pública, com seu poder de pressão, para a responsabilização civil e criminal depositando voto de confiança no relator Joaquim Barbosa e acreditar na celeridade para evitar a prescrição, que já se anuncia do crime de formação de quadrilha.

Alvaro Dias afirmou que o relatório feito por Zampronha a pedido do ministro relator no STF, Joaquim Barbosa, "demonstra cabalmente" a existência do mensalão e confirma que a origem pública dos recursos que irrigaram o esquema. Ele mencionou a carteira Visanet do Banco do Brasil e a inclusão de novos nomes à lista dos 40 denunciados pelo então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza.

- Aceitar essa tese de que o mensalão foi obra de ficção é aceitar subdesenvolvimento cultural do país - criticou, ao assinalar a existência de provas documentais e testemunhais.

O parlamentar relatou que a testemunha Freud Godoy, que era segurança do então candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, teria recebido seu pagamento por meio do publicitário Marcos Valério, que era o operador do mensalão. O dinheiro teria sido pago a posteriori pelos serviços prestados durante a campanha eleitoral, quando Lula já ocupava a Presidência da República.

Alvaro Dias mencionou ainda que o relatório, com 332 páginas, é resultado de investigações que duraram seis anos, feitas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pela CPI dos Correios, que, na ocasião, citou 100 pessoas, das quais 40 foram incluídas na denúncia encaminhada ao Supremo Tribunal Federal.

Em aparte, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) citou nota publicada no blog do jornalista Ricardo Noblat por André Vargas, secretário de Comunicação do PT, na qual ele atribui a existência do mensalão a uma "tese da oposição comprada pela mídia".

Em defesa do governo Lula, o senador Wellington Dias (PT-PI) argumentou que, na ocasião, houve denúncia de envolvimento de parlamentares de diversos partidos no caso e que a PF e o MPF fizeram investigações e promoveram afastamento dos supostos envolvidos. Criticou, no entanto, o que seria uma condenação a priori, sem o direito a ampla defesa.

Alvaro Dias recordou que Procurador- Geral da República à época, Antonio Fernando de Souza, considerou os envolvidos no mensalão uma organização criminosa com projeto de perpetuação no poder. Salientou que o Supremo tem diante de si o desafio de ganhar respeitabilidade como instituição defensora do Estado Democrático de Direito.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) também aparteou o parlamentar para elogiar o que chamou de "atitude republicana" da Polícia Federal.



04/04/2011

Agência Senado


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