Aprovada declaração contra reativação da Quarta Frota da Marinha dos EUA



O Parlamento do Mercosul aprovou nesta terça-feira (29), por 26 votos a favor e 11 abstenções, projeto de declaração apresentado pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP) que considera "inoportuna e desnecessária" a reativação da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos, cuja área de atuação é o Atlântico Sul. O texto ressalta que a América do Sul é uma região "pacífica e democrática", onde os eventuais conflitos são resolvidos segundo os princípios da não-intervenção e da solução negociada de divergências.

VEJA MAIS

Criada em 1943, diante da ameaça nazista durante a Segunda Guerra Mundial, essa frota foi extinta em 1950 e acaba de ser recriada pelos Estados Unidos. Segundo o governo norte-americano, a Quarta Frota teria como principais objetivos ações de assistência humanitária e de prevenção do narcotráfico.

A declaração aprovada sustenta que o combate ao narcotráfico "pode e deve ser feito dentro dos parâmetros estabelecidos em inúmeros acordos bilaterais e multilaterais, num ambiente de cooperação diplomática pacífica e em estrita observância à soberania de todos os países". A militarização de conflitos e problemas regionais, alerta ainda o Parlamento, "poderá resultar em insegurança hemisférica e comprometer a integração da América do Sul e do próprio Mercosul".

Antes da votação do projeto, foi derrotado um requerimento apresentado por parlamentares uruguaios, que solicitavam o adiamento da votação e a análise da proposta pelas comissões permanentes do Parlamento do Mercosul. Co-autora do requerimento, a deputada Adriana Peña disse que poderia votar a favor da declaração se tivesse as informações necessárias sobre os motivos que levaram o governo norte-americano a reativar a frota.

Em defesa do projeto, Mercadante disse esperar que a renovação política dos Estados Unidos, que escolherão seu novo presidente em breve, possa levar o país a reconsiderar a sua decisão. Igualmente favorável, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) defendeu, contudo, a adoção, pelo Parlamento, de uma "posição madura", sem antiamericanismo. Por sua vez, o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) sugeriu a aprovação unânime da declaração - o que acabou não ocorrendo, principalmente por causa da abstenção de parlamentares do Uruguai e do Paraguai.

A bancada argentina, por sua vez, votou de forma unânime a favor do projeto. Segundo o parlamentar Roberto Godoy, a aprovação da proposta não significa a adoção de uma política antiamericana, mas atende a motivos baseados na História. "Já ocorreram no nosso continente intervenções diretas, que resultaram em ditaduras militares, e depois intervenções indiretas". O parlamentar Saúl Ortega, da Venezuela, também apoiou a declaração, considerando a reativação da Quarta Frota "uma provocação e uma ameaça à paz regional".

Ao final da sessão, o presidente do Parlamento do Mercosul, deputado Dr. Rosinha (PT-PR), considerou a aprovação do projeto como um dos fatos mais relevantes da 11a sessão do órgão, juntamente com a aprovação - ocorrida na véspera - de declaração em favor da unidade do Mercosul nas negociações promovidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), na Rodada Doha.

- Entendemos que a reativação da Quarta Frota é uma agressão à soberania dos países da América do Sul. É uma provocação militar - disse Rosinha.

Adoção de política comum para Aqüífero Guarani é recomendada



29/07/2008

Agência Senado


Artigos Relacionados


Aprovada declaração que considera inoportuna reativação da Quarta Frota da Marinha norte-americana

José Nery critica reativação da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos

Ministro da Defesa participa de audiência pública sobre reativação da Quarta Frota da Marinha dos EUA

Nelson Jobim é convidado a debater reativação da Quarta Frota

CRE enviará carta a Obama e McCain sobre reativação da Quarta Frota

Parlamentares levarão a embaixador americano preocupação com Rodada de Doha e reativação da Quarta Frota