Arthur Virgílio acusa governo de cercear liberdade de expressão



O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) acusou o governo, nesta segunda-feira (8), de tentar cercear a livre expressão do pensamento. Ele citou o caso do economista Maurício Dias David, assessor da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que estaria sendo submetido a constrangimentos por ter criticado em programa de televisão a proposta de Orçamento para 2003. O senador leu em Plenário carta que recebeu do economista relatando o episódio.

-Argumentei que o orçamento é o espelho de um governo e que, assim sendo, este orçamento ia contra a doutrina e o programa histórico do PT. No dia seguinte fui convocado ao gabinete do diretor de Administração do BNDES, Márcio Henrique Monteiro de Castro, que me comunicou que as minhas críticas haviam "irritado profundamente Brasília", que o BNDES recebera um chamado de lá e que o banco se via obrigado a abrir uma comissão de inquérito para me punir-, contou Maurício David.

Arthur Virgílio apresentou requerimento solicitando explicações sobre o episódio, endereçado ao chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu. O líder do PSDB disse que a forma como o caso foi tratado indica o comportamento -parafascista do governo sob uma capa de esquerda-.

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que Virgílio, ao apresentar a denúncia, cumpre o papel que se espera da oposição.

Virgílio voltou a defender a abertura de comissão parlamentar de inquérito para investigar irregularidades na prefeitura de Santo André (SP), administrada pelo PT. Ele também disse aceitar a instalação de uma CPI para apurar denúncias envolvendo o ex-secretário-geral da Presidência no governo passado, Eduardo Jorge. Reportagem da revista Época, citando funcionário da Receita Federal, afirma que o órgão teria sofrido pressões para não investigar Eduardo Jorge.

Arthur Virgílio disse que o ex-secretário-geral foi vítima de infâmias lançadas pelos opositores do governo Fernando Henrique Cardoso. O senador se colocou à disposição da bancada petista para assinar o requerimento de CPI para investigar qualquer denúncia envolvendo Eduardo Jorge, bastando para isso que o PT -permita a desobstrução da pauta da Comissão de Fiscalização e Controle-, onde aguarda votação requerimento do próprio Virgílio convocando pessoas a deporem sobre irregularidades em Santo André.

- O PT escolhe o que quer investigar. Nada me impede de fazer o que estou fazendo: quero investigar o MST, o uso de cargos no Executivo e estou pedindo a CPI para investigar a podridão de Santo André - disse.

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) saiu em defesa de Eduardo Jorge, contra quem, afirmou, nada foi provado.

- Acredito que o presidente Lula não queira este governo de perseguição - disse.

O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) também defendeu o ex-secretário-geral da Presidência.



08/09/2003

Agência Senado


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