CAE aprova novo diretor de política monetária do Banco Central



 Indicação segue para exame do Plenário

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou, por 23 votos a favor, dois contrários e uma abstenção, a indicação do economista Aldo Luiz Mendes para exercer o cargo de diretor de política monetária do Banco Central. Atual presidente da Companhia de Seguros Aliança do Brasil, Aldo Mendes deverá substituir Mario Gomes Torós, que teve sua saída do Banco Central acelerada depois de entrevista publicada, sexta-feira passada (13), pelo jornal Valor Econômico. Relator do processo na CAE, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) pediu urgência para votação da indicação pelo Plenário do Senado.

Após afirmar, no relatório, que "as funções e atividades desempenhadas revelam o nível de qualificação profissional e a formação técnica e acadêmica do indicado", Mercadante ressaltou que a experiência acumulada pelo servidor de carreira do Banco do Brasil nas funções executivas exercidas nessa instituição, na Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil), na BMF (Bolsa de Mercadorias e Futuros) e na Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro) o credenciava a "contribuir muito" para a nova missão no Banco Central.

Os agradecimentos de Aldo Mendes aos presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Banco Central, Henrique Meirelles, pela indicação foram sucedidos pela defesa "intransigente" da estabilidade de preços, "bem público por excelência e valor indispensável ao crescimento sustentável da economia". Como futuro operador da política monetária, se declarou a favor da autonomia formal do BC, que considerou fundamental para "calibrar" os juros no sentido de se alcançar as metas de inflação.

- São três os pilares de sustentação da política economia atual: responsabilidade fiscal, regime de metas de inflação e câmbio flutuante. Vem daí o sucesso da estabilidade na economia. Nada poderia ter sido alcançado sem o controle da inflação - avaliou.

Aldo Mendes também se manifestou sobre outros assuntos econômicos relevantes, como taxa de juros, desvalorização do dólar frente ao real e spread bancário ao ser sabatinado pelos senadores na CAE. O senador Antonio Carlos Junior (DEM-BA) foi o primeiro a tocar na questão do juros. Para o indicado, a definição dessa taxa pelo Copom (Comitê de Política Monetária) deve se nortear pelas metas de inflação traçadas, acrescentando que a taxa de juros de um dígito é a necessária para alcançá-las.

Em seguida, o senador Osmar Dias (PDT-PR) indagou se Aldo Mendes concordava com declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a cotação do dólar ideal para o país seria R$ 2,60. Além de defender a manutenção do câmbio flutuante, o economista observou que o valor ideal do câmbio deve ser definido pelas "forças de mercado".

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) perguntou se uma de suas preocupações na condução da política monetária seria conciliar, nas decisões do Copom, estabilidade da moeda, crescimento econômico e redução das desigualdades sociais. Aldo Mendes avaliou que a contribuição do Copom para reduzir essas disparidades é manter a inflação dentro das metas estabelecidas.

O controle das elevadas taxas de spread bancário foi uma inquietação compartilhada pelos senadores César Borges (PR-BA) e Gerson Camata (PMDB-ES). Contrariando a expectativa dos parlamentares, Aldo Mendes informou que o spread vem caindo no Brasil, apostando na aprovação do cadastro positivo (um banco de dados com informações de crédito de bons pagadores) pelo Congresso para reverter um dos elementos avaliados na fixação dessa taxa: a inadimplência.

Em resposta a questionamentos dos senadores Valdir Raupp (PMDB-RO) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA), respectivamente, o indicado para o BC desaprovou o modelo chileno de reter o capital estrangeiro no país por dois anos na tentativa de evitar a sobrevalorização da moeda e sustentou, sobre um eventual excesso de gastos do governo federal, que o Estado deve manter uma política de austeridade fiscal mantendo seus gastos dentro da arrecadação.

Por fim, Aldo Mendes concordou com diagnóstico feito pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) de que um país com poupança interna baixa, como o Brasil, acaba se defrontando com a sobrevalorização de sua moeda. De qualquer modo, preferiu ficar com os ensinamentos de Keynes, que indicam o investimento como motor do crescimento, lembrando ainda que ele antecede a poupança.

- Temos que ter condições de atrair investidores nacionais e estrangeiros e, com esse investimento, também virá a poupança - afirmou.

Simone Franco / Agência Senado
Acordo garantiu realização de sabatina do indicado para o BC



24/11/2009

Agência Senado


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