Cândido representará Senado em conferência contra o racismo na África do Sul

O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) representará o Senado Federal na 3a Conferência das Nações Unidas contra o Racismo, a Discriminação, a Xenofobia e a Intolerância Correlata, a ser realizada de 31 de agosto a 7 de setembro, em Durban, na África do Sul. Em discurso no plenário nesta quarta-feira (dia 29), o senador saudou a imprensa brasileira, por dar destaque ao tema nos últimos dias, e lembrou que o preconceito e a discriminação racial são "marcas profundas" deixadas pela escravidão no Brasil, o país que mais recebeu escravos da África entre todos da América e o último a abolir a escravidão.

A população declaradamente negra chega a 45% dos brasileiros, de acordo com dados de 1999 citados pelo senador. Ele acrescentou que 64% dos pobres e 69% dos indigentes são negros. Das pessoas que concluem cursos universitários, apenas 2% se definem como negras, e 13,5% como mulatos, disse o senador, com base em dados do Ministério da Educação. No Congresso, a distorção se mantém, afirmou Cândido, lembrando que apenas 4,7% dos parlamentares são negros.

O governo brasileiro está enviando uma delegação de 42 pessoas para a conferência da ONU. O senador levará proposta apresentada por 80 parlamentares negros que se reuniram na Bahia, em julho, para tratar do tema. Na ocasião, foi elaborado o documento chamado Carta de Salvador, que propõe a criação de um Fundo Nacional de Reparação para financiar projetos especiais de caráter reparatório. Os recursos do fundo seriam fixados por lei e representariam um percentual vinculado da receita da União, dos estados e dos municípios, durante um período inicial de dez anos.

29/08/2001

Agência Senado

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