Comissão mista discute energias alternativas



As formas alternativas de geração de energia são conhecidas, mas não tiveram no Brasil o desenvolvimento merecido, afirmou o senador Paulo Souto (PFL-BA), relator da comissão mista que estuda as causas da crise de abastecimento de energia. A constatação foi feita em audiência pública realizada nesta terça-feira (dia 14) em que foram debatidas as formas alternativas de produção de energia elétrica. Paulo Souto reconheceu que as situações de emergência sempre trazem alternativas à tona, mas é preciso, a seu ver, "evitar tratar o assunto apenas em momentos de crise", disse. Hoje, mais de 90% da energia elétrica brasileira é gerada por hidrelétricas, de acordo com os especialistas.

O relator adiantou que apresentará em seu relatório sugestões para que o governo possa estabelecer uma política definitiva para o setor de energias alternativas. Já o senador Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), se confessou um apaixonado pelo tema e destacou que, devido à insistência com que as formas alternativas de geração elétrica são consideradas caras e inviáveis, nunca se investiu nelas a ponto de barateá-las.

O primeiro expositor, Luis Otávio Koblitis, da Escola de Engenharia de Pernambuco, sugeriu como principal solução a co-geração, ou seja, a geração simultânea de energia e calor. Essa modalidade, que pode ser, por exemplo, o uso de biomassa, é prática para indústrias, shoppings e hotéis. As outras formas apontadas por Koblitis são as energias geradas pelo sol, gás natural, carvão, nuclear (em queda em todo o mundo) e a eólica (ventos). O especialista destacou que o consumo de energia no Brasil cresceu muito depois da implantação do plano real - de acordo com dados da Eletrobrás, o consumo aumentou 27,1% na parte industrial, 71% na residencial e 92% no comércio.

O diretor da Brasil Energias Solar e Eólica, Armando Abreu, defendeu o uso da energia eólica. Segundo ele, o Brasil é um dos países com mais potencial para esse tipo de geração. Além disso é uma energia limpa, sem grande impacto para o ambiente e com preço razoável. "A tarifa elétrica no Brasil hoje é mais cara do que na União Européia e a energia é gerada por hidrelétricas", afirmou. De acordo com Armando, o Brasil poderia gerar 10 mil megawatts graças ao vento.

O projeto emergencial do governo Proéolica prevê a geração de 1.050 megawatts com energia eólica até 2003, de acordo com outra expositora, Ivonice Campos, coordenadora de Ações de Desenvolvimento Energético do Ministério da Ciência e Tecnologia. Ivonice sugeriu a utilização da energia eólica, que tem entre as vantagens a de que a construção de uma central geradora leva entre 15 e 18 meses. "Há estudos para implantação no Nordeste e no Sul", afirmou.

O diretor do Instituto Nacional de Eficiência Energética, Jayme Buarque de Holanda, assinalou como o bagaço da cana, que poderia ser largamente aproveitado como biomassa, é subutilizado no país. Outra sugestão do especialista é que as iniciativas tomadas em um momento de emergência se mantenham a longo prazo, para evitar o que houve com o Pró-Álcool, que incentivou os usineiros a produzirem e depois a solução foi abandonada.

São Francisco

O presidente da comissão, deputado Antônio Cambraia, informou que a partir desta quarta-feira (dia 15) membros da comissão visitarão as usinas hidrelétricas do São Francisco. Eles partem de manhã para Petrolina em um avião da FAB e entre as usinas a serem visitadas estão previstas Sobradinho, Paulo Afonso e Xingó.

14/08/2001

Agência Senado


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