CPI investiga tráfico de drogas durante Fórum Social Mundial



A CPI da Segurança Pública, presidida pelo deputado Valdir Andres (PPB), ouviu ontem os depoimentos do coronel Ilson Pinto de Oliveira, do major Reinaldo Real Ribeiro, do delegado Alexandre Vieira e do escrivão e atual assessor especial da Secretaria de Justiça e da Segurança, Jorge Quadros. Os depoentes relataram o episódio envolvendo um menor detido pela Brigada Militar traficando drogas no Parque Harmonia durante evento do Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, em janeiro deste ano. A Comissão aprovou requerimento para ouvir, nos próximos dias, os soldados da BM que detiveram o menor e realizaram a apreensão da droga. O coronel Ilson de Oliveira do 4º RPMon, responsável pela segurança de parques e praças da capital, afirmou ter recebido a informação de soldados do 9º RPMon de que um menor estaria traficando drogas no interior do Parque Harmonia. Oliveira disse que os soldados o colocaram dentro de uma kombi para registrar a ocorrência e dirigiram-se para dentro do Parque, onde participantes do Fórum manifestaram-se contra a detenção do menor. "Diante do tumulto e do risco que o menor poderia sofrer, determinei a sua liberação para evitar um confronto com os participantes do Fórum", declarou Oliveira. O major Reinaldo Ribeiro informou aos deputados que tomou conhecimento do episódio da apreensão através das informações contidas em relatório e destacou não ter tido participação pessoal no caso. O delegado Alexandre Vieira afirmou que, naquele dia, estava de plantão e ficou sabendo do caso através do soldado André Luiz Blazina, que resgatou o menor. O brigadiano disse ter recebido ordens do coronel Ilson para liberar o jovem. O soldado comunicou ao delegado que, por determinação do Ciosp (Centro Integrado de Operações da Segurança Pública), a Brigada Militar não autuasse e não registrasse nenhuma ocorrência durante a realização do Fórum Social Mundial. Durante o depoimento, o delegado entregou a fita com as declarações do soldado aos membros da CPI. O último depoente, o escrivão de polícia Jorge Quadros, atual assessor especial da Secretaria de Justiça e Segurança, negou ter tido participação direta na decisão de liberar o menor. Quadros declarou que teria apenas sugerido à BM utilizar um automóvel para a condução do detento. Não convenceu Para o presidente da CPI, deputado Valdir Andres, a declaração de Quadros não o convenceu. " Ele não trouxe nenhuma explicação plausível de que não teria influenciado na atitude do coronel". Já o vice-presidente da CPI, deputado Elmar Schneider (PMDB), solicitou que sejam ouvidos o capitão Cláudio de Azevedo Goggia, o cabo Luis Fernando Trindade e os soldados Cavalheiro e André Blazina, o segurança Eduardo Soares Batista e a promotora da Corregedoria Militar Sandra Goldman Ruwel, além do ex-comandante da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, coronel Roberto Ludwig. De acordo com o parlamentar, é extremamente importante para os trabalhos da CPI a vinda destes depoentes a fim de esclarecer as contradições sobre o episódio envolvendo tráfico de drogas nas intermediações do Parque da Harmonia, durante o Fórum Social Mundial. Normalidade Na opinião dos deputados Ivar Pavan e Ronaldo Zülke (PT), os depoimentos de ontem na reunião da CPI da Segurança Pública da Assembléia demonstraram que o trabalho da Brigada Militar durante o Fórum Social Mundial esteve dentro da normalidade. Todos foram interrogados. Para os petistas, o debate em torno do episódio envolvendo uso e apreensão de droga no Parque Harmonia, onde estavam acampados centenas de jovens que participavam do Fórum, revela a visão conservadora da oposição em relação à forma com que a polícia deve agir. “Setores da oposição clamam pela volta à repressão. Pregam o uso da força, mesmo que o custo seja a vida humana”, acusou Zulke, lembrando que foi este “tipo de concepção política que patrocinou chacinas como a de Carandiru ou a repressão violentas aos movimentos sociais”. Jogo do Bicho Na próxima quinta-feira, a partir das 12h, a CPI ouvirá seis testemunhas sobre o suposto envolvimento do governo do Estado com o jogo do bicho. Deverão prestar esclarecimentos os delegados Edson Ramos de Oliveira, Thiago Firpo, Rodrigo Lorenzi Zucco, Luís Eduardo Santin Benites, Eliomar Franco e Carlos Santana da Rosa.


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