Cristovam quer abolir analfabetismo



O ministro da Educação, Cristovam Buarque, enumerou, em audiência pública realizada nesta terça-feira (1), na Comissão de Educação (CE), os principais objetivos de sua gestão: abolir o analfabetismo, tornar realidade a -escola ideal- no ensino básico para crianças a partir dos quatro anos e -reinventar a universidade-.

Ainda durante a audiência, o ministro anunciou que pretende também investir na educação da população no que diz respeito a regras de convivência, como o respeito aos pedestres, aos horários de compromissos e à manutenção da limpeza das ruas. Mas destacou que só com o apoio do Congresso Nacional e grande investimento conseguirá alcançar essas metas.

Elevar o nível de alfabetização a algo próximo dos 100%, disse o ministro, será uma complementação da abolição da escravidão e da proclamação da República. Ele destacou que o Brasil tem hoje entre 15 milhões e 20 milhões de analfabetos, além de 30 milhões de analfabetos funcionais. Para o ministro, que pretende resolver o problema do analfabetismo até 2006, o Brasil tem uma elite que não merece o título de republicana, uma vez que nunca deu a seus ex-escravos terras, educação ou salário suficiente.

- O grande legado de Lula pode ser terminar o que essas gerações que aboliram a escravidão e proclamaram a República apenas começaram e as outras gerações não deram prosseguimento - disse Cristovam.

O segundo objetivo anunciado pelo ministro foi o de que toda criança brasileira freqüente a escola a partir dos quatro anos e que a grande maioria termine o ensino médio com qualidade. Ele reconheceu que, em relação ao ensino médio, trata-se de uma meta para os próximos 20 anos.

Para Cristovam, é preciso cuidar -da cabeça, do bolso e do coração- dos professores que, em sua maioria, avaliou, estão despreparados, desmotivados e descontentes com os salários que recebem. Ele defendeu melhores salários para os professores da rede pública e a fixação de um piso nacional para a categoria pelo Congresso Nacional. Propôs ainda que os professores tenham programa de formação e que passem a ser avaliados.

Sobre as universidades, Cristovam Buarque afirmou que as particulares devem ser examinadas em relação à qualidade e ao preço, e que as públicas devem receber mais recursos materiais e financeiros e ter menos burocracia. O ministro defendeu uma mudança profunda na estrutura universitária brasileira, criada no início dos anos 70 e mantida sem mudanças até hoje.

- A universidade tem que dar um salto e olhar 30 anos adiante. É preciso uma nova visão da universidade, ou a estrutura será ultrapassada como aconteceu com os conventos mil anos atrás, que não se modernizaram e perderam seu lugar na sociedade - afirmou.



01/04/2003

Agência Senado


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