Debatedores defendem investimento integral de royalties do petróleo em educação



Em audiência pública sobre a Medida Provisória (MP) 592/2012, que trata das novas regras de distribuição dos royalties do petróleo, vários participantes defenderam a destinação integral dos recursos dos royalties para o setor de educação.

De acordo com o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, a aplicação de todos os recursos em educação é indispensável para que o Brasil consiga aprimorar seu sistema público de ensino, colocando-o no mesmo nível dos países desenvolvidos.

Conforme explicou, no segmento de educação infantil, por exemplo, seriam necessários investimentos adicionais de R$ 23 bilhões — além do montante de R$ 11 bilhões hoje aplicados — para garantir um padrão mínimo de qualidade.

— O Brasil é um país que melhora [o sistema de educação pública] mas em um ritmo muito lento. Para a gente alcançar os países da OCDE, que são os países desenvolvidos, a gente demoraria um período muito largo de tempo que seria concluído somente em 2060 — disse Daniel Cara, alertando sobre a necessidade de maior aporte de recursos no setor de educação.

Da mesma forma, Daniel Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), manifestou-se pela destinação total dos royalties do petróleo para a educação.

Em sua avaliação, a lei de redistribuição dos royalties, que teve parte de sua aplicação suspensa na segunda-feira (18) por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), poderia contribuir para um melhor aporte de recursos para a educação, caso vigorasse tal como aprovada pelo Congresso.

— A nova regra de distribuições vale para todos os contratos, o que não fere qualquer direito adquirido, pois se aplica a um recurso petrolífero que ainda não foi extraído do subsolo. Esse é o nosso entendimento. Os royalties são devidos somente depois que o petróleo é extraído — disse Paulo Ziulkoski.

Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) expressou também a posição favorável da entidade à destinação dos royalties do petróleo para a educação. Segundo ela, tais recursos poderiam ser divididos da seguinte forma: 70% no ensino básico, 20% no ensino superior e 10% aplicados em ciência e tecnologia.

Já Ernane Bilotte Primazi, da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), criticou a posição, segundo ele adotada por vários representantes de estados não produtores de petróleo, de buscar resolver todos os problemas do país somente com base numa nova distribuição dos royalties.

Reconhecendo a importância da educação para o desenvolvimento do país, ele alertou, no entanto, para a necessidade de se buscar outras fontes de recursos para seu financiamento, bem como aumentar a participação dos estados e sobretudo da União, nos gastos dos municípios feitos no ensino fundamental.

Ao final da audiência pública, o professor de cartografia da Universidade Federal do Paraná, sugeriu a aprovação de nova metodologia para definição dos limites do mar territorial. Segundo ele, a Lei 7.525/1986, que  trata do assunto, está desatualizada e traz prejuízos para muitos estados brasileiros.



19/03/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


Com ou sem capital estrangeiro, saúde precisa de mais investimento público, defendem debatedores

Senadores defendem novas regras para distribuição de royalties do petróleo

Deputados defendem entendimento em torno dos 'royalties' do petróleo, diz Paulo Paim

Especialista pede investimento federal em educação integral

MP não garante aplicação integral de 'royalties' em educação, diz Cristovam Buarque

Especialistas defendem investimento de 10% do PIB em educação