Diretor da PF nega participação do governo em ação no Maranhão



Durante duas horas e meia de depoimento na Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) nesta quarta-feira (20), o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Agílio Monteiro Filho, negou taxativamente que autoridades do governo federal - no caso, o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, e o ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira - tenham tido conhecimento antecipado da ação da PF na empresa Lunus Serviços e Participações, da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e do marido dela, Jorge Murad.

Agílio disse que nem ele sabia que a operação seria feita na empresa de Roseana e que apenas tinha conhecimento de que seriam feitas buscas e apreensões em empresas daquele estado em uma ação relacionada com inquérito sobre desvios na extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

O diretor da PF informou que apenas ficou sabendo da ação policial na Lunus por volta das 17h do dia da operação (1º deste mês), por meio de um telefonema do próprio presidente da República. Este, acrescentou Agílio, questionava a legalidade da operação em função de outra ligação telefônica que ele (o presidente) havia recebido de alguém do PFL indagando sobre o fato.

- Então eu assegurei ao presidente que não era uma operação ilegal, mas sim o cumprimento de uma ordem judicial. Mesmo sem saber detalhes da ação, eu conheço meu pessoal e sei que eles não fariam nada desta natureza se não estivessem respaldados em um mandado de busca e apreensão da Justiça do Maranhão - disse Agílio.

Ele disse ainda, em resposta ao senador Romero Jucá (PSDB-RR), que além de não ter havido ingerência do governo no caso, mesmo que isso ocorresse - por exemplo, para que o mandado não fosse executado -, a PF não poderia atender, sob pena de ser acusada de obstruir a Justiça.

Apesar de informar que está sendo feita uma sindicância no âmbito da Polícia Federal para saber como e quem vazou as informações e fotos da operação na Lunus para a imprensa, o diretor descartou que essa responsabilidade possa vir a ser atribuída a componentes do quadro da corporação.

- Essa foi uma operação normal no contexto da Polícia Federal, que sempre age com absoluta isenção e no estrito cumprimento da Justiça - garantiu Agílio Monteiro Filho.



20/03/2002

Agência Senado


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