Escolas estaduais traçam estratégias para atingir metas



A reunião acontecerá no dia 27 de agosto

As 5.537 escolas estaduais têm compromisso marcado para o dia 27 de agosto. Nessa data, devem reunir suas equipes a fim de identificar as estratégias necessárias para atingir as metas estabelecidas para o ano. A data, definida pela Secretaria da Educação para incentivar os profissionais da educação a realizar esse trabalho, foi apelidada de Dia do Saresp e Idesp.

Essas metas foram definidas com base no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp), criado em 15 de maio. Seu cálculo, efetuado para cada unidade educacional, leva em conta as notas dos estudantes no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) e a taxa de crianças na série adequada para a idade.

A EE Major José Marcelino da Fonseca, por exemplo, alcançou a nota 5,42 (de 0 a 10) no índice de 2007 e tem a meta de chegar a 5,50 no próximo, a ser divulgado só no ano que vem. A unidade ficou em primeiro lugar na região Norte, onde está localizada, e no segundo entre todas as da capital. Comporta 840 alunos e abrange o ensino de 1ª a 4ª séries.

O índice médio no Estado para essas séries é de 3,23 e o objetivo traçado pelo governo é chegar a 7 até 2030. O ensino médio apresentou o pior desempenho geral e chegou a uma média no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp) de apenas 1,41, com meta de alcançar 5, e o segundo ciclo do ensino fundamental (de 4ª a 8ª séries) deve cravar nos 6 até 2030.

Mônica Maschietto, diretora da José Marcelino, tem confiança de que a escola chegará ao objetivo determinado em 2008. “Isso porque a gente tem em mãos as pistas do que deve perseguir”, informa. Ela se refere à divulgação das notas do Saresp por matéria e aluno. “É a primeira vez que a gente tem tudo bem definido, para localizar as deficiências e o que devemos reforçar”, observa.

“O que o aluno ainda não dominou tem de ser revisto”, emenda a coordenadora Jusmara Célia Massutti. Reunidas com a vice-diretora Inizeth Pereira Suto, aproveitam um dia do recesso de julho para elaborar a pauta a ser debatida no Dia do Saresp e Idesp. “A gente está se preparando faz tempo”, conta Inizeth. As educadoras criaram material para as discussões com os outros integrantes do corpo docente – 31 professores. Imprimiram apostilas com os resultados do Saresp divulgados no site da secretaria, que abrangem notas por aluno e análise do desempenho. “No dia 27 de agosto vamos fechar esse planejamento”, assegura Mônica, que ressalta o benefício de ter um dia específico para isso.

Marco importante – Maria de Lurdes de Oliveira, diretora da EE Irmã Gabriela Maria Elisabeth Wienkem, também considera o dia um marco importante para o estabelecimento de objetivos. “Vamos reunir os professores, estudar gráficos criados a partir dos dados do Saresp e planejar uma recuperação paralela para os alunos em função disso”, planeja.

A escola dirigida por ela situa-se numa região carente de Osasco, o Jardim Roberto. Funciona com 80 professores e atende a 1.350 alunos dos dois ciclos do ensino fundamental, além de 360 adultos no período noturno do curso fundamental do Educação de Jovens e Adultos (EJA). Recebeu avaliação ruim no Idesp: o ensino fundamental do primeiro ciclo ganhou nota 1,73 e tem como meta chegar a 1,89. O segundo ciclo começou a funcionar este ano e, por esse motivo, não foi avaliado. “Ficamos todos tristes com o resultado”, lamenta Maria de Lurdes.

Ela considera que um dos motivos do resultado negativo é a falta de interesse de pais beneficiados pelo Programa Bolsa-Família, do governo federal, no desempenho escolar dos filhos. “Aqui temos 660 estudantes cujas famílias fazem parte do programa, e a maioria delas se preocupa com a assiduidade dos filhos, para não perder o benefício, e não com o seu aproveitamento escolar. Por exemplo, sempre promovemos aulas de recuperação, mas poucos jovens participam”. Por isso, uma das estratégias já pensadas pela equipe para a melhora do aproveitamento é atrelar a recuperação paralela à contagem da presença, além de promover palestras que aproximem os pais da escola e motivem os estudantes. Segundo a diretora, essas ações serão definidas no Dia do Saresp e Idesp.

Ler e Escrever visa à alfabetização e recuperação

Os recursos do Programa Ler e Escrever – criado para garantir que até 2010 todas as crianças de até oito anos matriculadas na rede pública estadual de ensino estejam plenamente alfabetizadas, e para que haja recuperação da aprendizagem de leitura e escrita dos alunos de todas as séries do ciclo I do ensino fundamental – são considerados grandes diferenciais pelos professores e diretores.

O programa proporciona capacitação de educadores e material de apoio para o alcance do objetivo. Compõem esse acervo livros de literatura infantil e paradidáticos, organizados em cinco kits, três deles com 45 publicações e dois com 44. Eles permanecem nas salas de aula, acessíveis, para que as crianças possam ler nos momentos livres, entre uma aula e outra, ou durante as atividades planejadas pelo professor, como as propostas no Guia de Planejamento e Orientações Didáticas – Professor Alfabetizador – 1ª série, integrante do programa. Há títulos de poesia, de contos de fadas, com histórias étnicas, de lendas, entre outros. Também tem uma publicação elaborada especialmente para as crianças levarem para casa e ler com a família.

Mais de 215 mil exemplares de 223 títulos selecionados pela iniciativa, além de revistas e histórias (periodicamente encaminhadas), foram distribuídos para as classes de 1ª série das escolas da capital e da Grande São Paulo que participam do programa. “É um material excelente”, considera a diretora da José Marcelino, Mônica Maschietto. A titular da EE Irmã Gabriela Maria Elisabeth Wienkem está empolgada com o curso de capacitação voltado aos gestores. “É tão bom que seria interessante estendê-lo aos professores”, opina Maria de Lurdes.

Na EE Dom Pedro Villas Boas de Souza, do município de Embu-Guaçu (Diretoria de Ensino de Itapecerica da Serra), a iniciativa é um sucesso. "O alunos gostam bastante dos livros. Aqui temos uma rotina: toda quarta-feira tem duas aulas de leitura com os livros infantis e paradidáticos; às sextas, eles levam livros ou gibis para casa", conta a professora Elena Aparecida Borba de Paula, da 1ª série G, que também realiza leitura de textos diariamente com a sua turma.

Segundo ela, transcorrido um semestre do ano letivo a maioria dos alunos de sua turma consegue ler. "A criança pode até não ler convencionalmente, mas já tem um contato com livro, folheia, observa, coisas que geralmente em casa não teriam oportunidade. Há aquelas que têm alguma dificuldade, mas levam os livros e pedem para o pai ou a mãe ler", diz. Elena conta que as crianças fazem questão de contar as histórias dos livros que levaram no final de semana. "Algumas relatam do início ao fim, com detalhes. A classe pára para ouvir”.

Da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)



07/22/2008


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