Ex-diretor do BB diz que não houve pagamento por dossiê



Em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas nesta quarta-feira (22), o ex-diretor de Gestão de Risco do Banco do Brasil Expedito Veloso afirmou que sua participação na negociação do dossiê que seria usado contra candidatos do PSDB limitou-se a uma questão técnica: verificar a veracidade dos documentos apresentados pelos sócios-proprietários da Planam, Luiz Antônio e Darci Vedoin. Segundo Expedito Veloso, a entrega dos documentos seria feita em troca apenas de assistência jurídica a membros da família que chefiava a chamada máfia das ambulâncias.

Expedito contou que, na primeira negociação, os irmãos Vedoin teriam pedido R$ 20 milhões para a entrega do dossiê e para conceder uma entrevista a uma revista semanal a ser escolhida pelo PT. Mas, segundo Veloso, o ex-coordenador de Risco e Mídia da campanha de reeleição do presidente Lula, Jorge Lorenzetti, teria se recusado a pagar pela informação desde a primeira reunião, oferecendo apenas assessoria jurídica.

Expedito Veloso informou que os documentos negociados pelos Vedoin eram 15 cheques e cerca de 20 comprovações de transferências bancárias no valor total de R$ 1,5 milhão, um DVD e fotos. Os cheques seriam usados para "pagar restos de campanha presidencial de José Serra em 2002" de acordo com o ex-diretor do BB. Segundo Veloso, o empresário Abel Pereira, que seria ligado ao PSDB, estaria negociando simultaneamente com os Vedoin o silêncio sobre o dossiê. Veloso apresentou inclusive uma foto que teria sido tirada após um encontro entre os Vedoin e Pereira.

Um dos sub-relatores da CPI, deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), apontou diversas inconsistências no depoimento de Expedito Veloso, sendo a principal a falta de explicação do motivo pelo qual as reuniões entre representantes do PT e os irmãos Vedoin teriam continuado acontecendo (em um total de quatro) se desde o início teria ficado claro que não haveria pagamento pelas informações. O deputado considerou o depoimento "inverossímil".

- Ninguém reconhece o dinheiro, ninguém viu o dinheiro, mas ele estava lá em toda a sua concretude - disse Gabeira, referindo-se ao R$ 1,75 milhão apreendidos pela Polícia Federal em setembro com o advogado Gedimar Passos e o empresário Valdebran Padilha.

Expedito Veloso questionou ainda as conclusões do relatório parcial da Polícia Federal relativas à quebra de seu sigilo telefônico, que registram dezenas de ligações entre Veloso e outros acusados de envolvimento na compra do dossiê. Expedito Veloso disse ter encontrado incongruências nos horários e duração de ligações registradas pela polícia.

22/11/2006

Agência Senado


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