Funasa esclarece morte de criança indígena em Mato Grosso do Sul



A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, divulgou nota de esclarecimento, nesta quinta-feira (23), sobre as recentes providências adotadas pela instituição no Mato Grosso do Sul, onde conflitos entre fazendeiros e indígenas dificultaram o atendimento das equipes de saúde da instituição à população indígena, o que acabou resultando na morte de uma criança da etnia Guarani Kaiowá, de 3 anos de idade e do sexo masculino, na quarta-feira (22).

 

A nota informa que, "de acordo com informações do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do Mato Grosso do Sul, o primeiro atendimento foi prestado pela equipe médica da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) de Amambai (MS). Em seguida, a criança foi encaminhada ao Hospital Regional do município, com registro de entrada às 12h30. Ao longo da tarde, o estado de saúde do menino agravou-se com um quadro de diarréia, vômitos, febre e distensão abdominal. O óbito foi confirmado às 20h, fato que a Funasa lamenta profundamente;

 

"Nesta quinta-feira (23), representantes da Funasa, do Ministério Público Federal (MPF) de Ponta Porã e da Secretaria Municipal de Saúde de Coronel Sapucaia vão reunir-se em Amambai para discutir o grave problema do conflito na região e elaborar um plano emergencial de intervenção dos órgãos envolvidos tendo em vista a gravidade da situação e dos conseqüentes prejuízos para a atuação das instituições públicas.

 

Um dia antes da morte do jovem indígena, na terça-feira (21), representantes da Funasa e do MPF de Ponta Porã haviam se reunido para discutir as ações de atenção básica à saúde em áreas de litígios, localizadas no extremo sul do estado. Naquele encontro, foi definida a realização de uma avaliação na região e de forma integrada entre Funasa, Funai e MPF para verificar as condições de vida dos indígenas nas áreas de conflito de Y´poí e de Kurusú Ambá."

 

A Funasa tem registrado dificuldades em realizar ações de saúde de forma continuada em regiões de conflitos por terras no estado do Mato Grosso do Sul, devido à insegurança ocasionada para as equipes de saúde, além das dificuldades de acesso e por se tratar de propriedades particulares que não se configuram como terras indígenas.

 

Segundo a nota da Funasa, o estado de Mato Grosso do Sul possui a segunda maior população indígena do País, com 68 mil indivíduos, superada apenas pela população indígena do Estado do Amazonas. Por meio do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), a fundação tem realizado com sucesso ações de assistência à saúde dessa população em todos os 28 municípios, com reflexos na melhoria significativa dos indicadores de saúde. Implantou em todas as aldeias os programas de atenção básica preconizada pelo Ministério da Saúde, tais com imunização, controle da tuberculose, saneamento básico, vigilância nutricional e saúde materno/infantil, dentro outros.

 

“A Funasa reitera que se mantém à disposição para qualquer esclarecimento e que continua adotando as medidas necessárias para garantir o direito das populações indígenas à atenção à saúde e à qualidade de vida.”

 

Fonte:
Fundação Nacional de Saúde (Funasa)



23/09/2010 15:23


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