Gilberto Gil quer a cultura no centro do debate político



Durante audiência pública realizada na Comissão de Educação (CE) nesta terça-feira (20), o ministro da Cultura, Gilberto Gil, afirmou que o "ouro" é apenas um meio e não um fim em si mesmo. Com a declaração, o ministro enfatizou que as manchetes da imprensa na última semana registrando que ele estava instatisfeito com o pequeno orçamento de seu ministério, apenas 0,2% do orçamento total da União, não focaram o mais importante. Para Gil, a manchete correta seria que o ministro quer ver a cultura no centro do debate político nacional.

- A sociedade deve refletir sobre a cultura. A cultura é o espírito que mantém a chama da nossa auto-estima viva, para dentro e além de nós mesmos. A cultura é feminina, vista pelo machismo dominante como secundária, mas devemos entronizar a cultura como central nas nossas vidas - defendeu.

Gil afirmou que o foco da mídia é sempre o dinheiro, mas, para ele, o que deve ser discutido é o papel central da cultura na transformação política e econômica do Brasil.

- Nosso foco principal é fazer da cultura um instrumento privilegiado para a transformação social, meta central do governo Lula. É o que o povo espera e é o que a cultura pode fazer acontecer.

Na opinião do ministro, a estabilidade econômica e uma boa distribuição de renda é um produto cultural da maior importância, insubstituível por "qualquer outro espetáculo". Porém, salvo o corpo, defendeu, é preciso afirmar o espírito e as alegrias da alma.

- É preciso debater que país queremos ser. Queremos ser novos-ricos deslumbrados com a tecnologia, sádicos insaciáveis em busca de emoções cada vez mais fortes, consumidores de drogas, obesos televisivos, guerreiros poderosos prontos a desafiar quem não nos agrade, usurpadores do patrimônio natural da humanidade? Ou queremos ser gente pacífica e alegre, voltada para sua própria beleza e diversidade e para a beleza do mundo, consciente de seu papel de nação aberta, pacífica e fraterna? - questionou.

De acordo com o ministro, não haverá verdadeira transformação social se a economia, a tecnologia, a educação e a política não servirem à cultura como ingredientes na formação de sabedoria, justiça e paz.

- Quando gritamos por socorro, chamando atenção para a memória ameaçada, não estamos chantageando o Tesouro. Não queremos também posição privilegiada. Somos solidários com o governo em seu conjunto, mas há setores onde os recursos existem e podem ser racionalizados, sem prejuízo das áreas emergenciais, para uso também na cultura - sugeriu.

Ao encerrar a reunião, o presidente da CE, senador Osmar Dias (PDT-PR), informou que a audiência pública a ser realizada nesta quarta-feira (21) com o secretário de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, foi cancelada por problemas na agenda do convidado. Gushiken também debateria estratégias do governo para a área cultural.



20/05/2003

Agência Senado


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