Heráclito critica relatório da CPI Mista dos Cartões Corporativos



O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) classificou como um desrespeito ao bom senso e à opinião pública o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Cartões Corporativos, elaborado pelo deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) e apresentado na manhã desta quinta-feira (5). Heráclito disse que o deputado incluiu em seu relatório ministros do governo Fernando Henrique Cardoso e omitiu completamente autoridades do governo Luiz Inácio Lula da Silva confessadamente envolvidos no uso irregular dos cartões corporativos e com a elaboração do dossiê com gastos do presidente anterior.

- O deputado fez um relatório de prestação de serviço. Nunca imaginei que o homem que chegou ao posto de líder do PT na Câmara dos Deputados se prestasse a um papel vergonhoso daquela natureza, em que omitiu fatos e apontou pessoas simplesmente para atender à ganância política e aos objetivos escusos dos aloprados, grupo ao qual a partir de agora pertence - afirmou.

O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) saiu em defesa do relator dizendo, em aparte, que é injusta a acusação de Heráclito ao deputado Luiz Sérgio, pois o relatório foi aprovado na proporção de dois votos para um. Ele entende que a partir daí a responsabilidade do relatório não é somente do relator, mas compartilhada com os demais parlamentares que o aprovaram. O senador defendeu o uso do cartão corporativo, desde que não seja utilizado para saques em dinheiro vivo.

Heráclito também abordou a denúncia feita pela ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, contra a ministra da Casa Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff. Segundo a denúncia, a ministra teria feito pressões para que fossem realizadas operações ilegais na venda das empresas Variglog e Varig. Ele disse que por trás desse caso existe o "fogo amigo", mas isso não isenta as pessoas denunciadas.

- Essa denúncia feita contra a ministra da Casa Civil, envolvendo a Varig e uma ex-diretora da Anac, precisa ser examinada com mais cautela. Se fosse um caso isolado, tudo bem. Mas o que ocorre é que vimos, agora, pelo menos quatro diretores daquele colegiado darem razão às afirmativas feitas de que houve pressão por parte da Casa Civil no caso Varig. Isso mostra que existe um lamaçal correndo nos corredores do Palácio do Planalto, e que é preciso uma faxina geral para evitar que casos mais graves aconteçam - afirmou.

O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) disse que está muito preocupado com a atitude do presidente Lula de proteger os amigos.

- Sendo amigo dele, não tem defeitos; sendo amigo, ele não toma providências para investigar - disse Mozarildo.

O senador lembrou o ex-presidente Itamar Franco, que demitiu seu assessor Henrique Hargreaves, pois estava sob suspeita. Uma vez inocentado das acusações, Hargreaves retornou ao cargo. Mozarildo também propôs que cada partido com pelo menos três representantes tenha direito a uma indicação para titular e outra para suplente na composição das CPIs.

O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) lembrou que começou a se envergonhar e a se decepcionar com o presidente Lula quando o PT passou a manobrar para impedir que Waldomiro Diniz (ex-assessor da Presidência da República) fosse investigado.

- Eu nunca vi CPI que não pode ouvir as pessoas envolvidas. É o mínimo necessário - afirmou o senador, observando que a CPI dos Cartões Corporativos obteve resultados.

Na avaliação do senador, no entanto, o governo cometeu crime, não quis apurar e impediu o apuramento dos crimes cometidos.

- Quando colocam uma pedra em cima e dizem que ali ninguém apura, é porque tem muita sujeira embaixo - comparou.



05/06/2008

Agência Senado


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