Implantação gradual do rádio digital é defendida em audiência



A implantação do rádio digital no Brasil deve ser realizada de forma gradual, segundo a opinião de participantes da audiência pública que discutiu o tema, nesta quinta-feira (12), na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT). A iniciativa para a realização do debate foi do presidente do colegiado, senador Wellington Salgado (PMDB-MG).

Na opinião do assessor especial da Casa Civil da Presidência da República, André Barbosa Filho, a transição para o novo sistema deve disponibilizar prazo para que os usuários adquiram os novos equipamentos. Ele informou aos senadores que receptores de rádio digital são importados e têm custo muito alto - cerca de 150 dólares - para o poder aquisitivo da maioria da população brasileira. Disse também que o Brasil deve aproveitar a oportunidade da implantação do novo sistema para estimular a fabricação nacional de novos equipamentos, uma vez que há mais de dez anos a indústria nacional está paralisada. A produção nacional dos receptores poderá contribuir para baixar o preço dos equipamentos ao consumidor.

Durante o debate, e em resposta ao senador Romeu Tuma (DEM-SP), André Barbosa Filho disse acreditar que há risco de a indústria chinesa dominar o mercado de equipamentos no Brasil. O assessor alertou que o governo precisa criar proteção legal para a área bem como estimular o surgimento de uma indústria nacional forte, que possa oferecer produtos com preços acessíveis à população, o que seria uma medida para evitar que a indústria estrangeira venha a obter vantagens sobre a nacional, disse ainda.

André Barbosa Filho sugeriu também que as rádios comunitárias sejam separadas das de freqüência modulada (as FMs). Explicou que, de acordo com estudos realizados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), os canais 5 e 6 da faixa VHF (sigla em inglês para freqüência muito alta), que não serão utilizados pela TV digital podem ser usados para alocar as rádios comunitárias. O assessor da Casa Civil defende essa separação para que as rádios comunitárias possam continuar operando e desempenhando papel importante junto à sociedade, bem como para solucionar questões políticas que envolvam as emissoras comunitárias e as FMs comerciais.

Substituição

A modificação para o sistema digital, disse ainda o assessor, vai melhorar a qualidade da recepção das emissoras de rádio pelos usuários. Essa condição, avaliou, poderá contribuir para a "sobrevivência do rádio" no Brasil já que, lembrou André Barbosa Filho, os jovens brasileiros estão optando por outras tecnologias, que oferecem melhor qualidade, em substituição ao rádio.

Na opinião do assessor técnico da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Ronald Barbosa, o surgimento de novas tecnologias não causa tanto impacto para a sociedade como a migração de um sistema para outro, em decorrência da qual os equipamentos podem ficar antiquados. Ronald Barbosa defende que a migração para o rádio digital aconteça de forma imperceptível pela população.

- De um dia para o outro, os equipamentos podem se tornar obsoletos. É importante levar em conta milhões de receptores e que o público não tenha que fazer mudanças abruptas - alertou o assessor da Abert.

Ronald Barbosa salientou que, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), 98% dos domicílios brasileiros possuem receptores de rádio. Esse elevado número de pessoas que ouvem rádio no país deve ser levado em conta no momento da implantação do rádio digital, alertou.



12/07/2007

Agência Senado


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