Má gestão e falta de vontade política dificultam detecção do câncer de mama, dizem especialistas



Profissionais da área foram unânimes em afirmar, em debate na Subcomissão Permanente de Promoção, Acompanhamento e Defesa da Saúde, que o Brasil possui uma quantidade de mamógrafos suficiente para cobrir toda a população que precisa realizar exame de mama. O problema é de gestão e de falta de vontade política.

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Participaram do debate, nesta quarta-feira (28), o diretor-geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Luiz Antônio Santini; o secretário de Ensino Superior do Estado de São Paulo, José Aristodemo Pinotti; o médico mastologista do Distrito Federal, José Antônio Ribeiro Filho; e o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, deputado federal Diogénes Baségio (PDT-RS).

Os quatro profissionais da saúde debateram, durante toda a tarde, a situação do câncer de mama no Brasil e as condições de prevenção da doença nas unidades públicas de saúde nos municípios. Todos os anos no país cerca de 500 mil novos casos de câncer de mama são detectados, com 141 mil óbitos. Quanto mais cedo a doença for detectada, maiores as chances de o tratamento ser bem sucedido.

Segundo Luiz Antônio Santini, o Ministério da Saúde - depois de dois anos de discussão com técnicos e a direção de diversas áreas do Ministério, do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde - elegeu o controle do câncer de mama como uma de suas prioridades. Para isso, estabeleceu como metas a ampliação para 60% da cobertura de mamografia para mulheres acima de 40 anos e a realização da punção em 100% dos casos necessários.

José Aristodemo Pinotti calculou que 1.200 mamógrafos seriam suficientes para atender a demanda do Brasil inteiro. O país tem muito mais do que esse número. Um dos problemas, enumerou, é que, por falta de manutenção, muitos desses equipamentos estão quebrados. Um outro é que eles são subutilizados. Uma terceira deficiência é que os mamógrafos são mal distribuídos: algumas regiões têm de sobra, enquanto outras, de menos. O mais grave, elegeu o secretário do governo paulista, é a cobrança pelo uso de mamógrafos comprados com dinheiro público.

- Isso ocorre até em hospitais públicos que atendem doentes privados, como hospitais universitários. Também tem muita Santa Casa, que pra mim já deixou de ser santa, que recebe mamógrafo adquirido com recurso público, reserva duas ou três mamografias por dia para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e cobra pelos demais exames realizados - criticou Pinotti.

Por sua vez, Diógenes Baségio alertou que, há cerca de dez anos, aproximadamente 5% das mulheres com câncer de mama tinham menos de 40 anos. No ano passado este percentual cresceu para em torno de 16%. Ele destacou que países como os Estados Unidos e o Canadá estão conseguindo reduzir a mortalidade causada pela doença através do diagnóstico precoce. Enquanto naquelas duas nações 60% dos diagnósticos desse tipo de câncer são feitos nos estágios zero ou um, no Brasil pelo menos a metade dos tumores são descobertos em um processo avançado ou já em metástase.

Respondendo a uma indagação da senadora Kátia Abreu (PFL-TO), que ao lado da senadora Rosalba Ciarlini (PFL-RN) propôs o requerimento para a realização da reunião, o mastologista José Antônio Ribeiro Filho, aprovou a utilização do dispositivo descartável Breast Care, como exame preliminar para diagnosticar o câncer de mama. Ele ressaltou a importância desse método principalmente nos casos onde a mamografia ainda é dispensável.



28/03/2007

Agência Senado


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