Machado: réus negros tendem a ser mais perseguidos pela vigilância policial
Ao abordar o tema da discriminação que os negros sofrem no país, o senador Sérgio Machado (PMDB-CE) referiu-se a pesquisa indicando que brancos e negros cometem crimes violentos em iguais proporções, mas os réus negros tendem a ser mais perseguidos pela vigilância policial. De acordo com o levantamento, os negros têm mais dificuldades de usufruir o direito de ampla defesa assegurado pela Constituição. A autoria do estudo é de Sérgio Adorno, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo a pesquisa citada pelo senador, a taxa de encarceramento no estado de São Paulo é de 7,68 brancos para cada 10 mil habitantes. Para os negros, esta taxa se eleva a 42,1. A probabilidade de um negro estar na prisão é cinco vezes maior. "Eis o produto do preconceito em nosso comportamento e em nossas instituições", disse.
O parlamentar disse que o objetivo de Sérgio Adorno foi caracterizar e explicar as causas do acesso diferencial de brancos e negros à Justiça criminal, por meio da análise das sentenças judiciais para crimes da mesma natureza.
Conforme pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), acrescentou o senador, dos cerca de 22 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza, mais de 15% são negros. O mesmo estudo revela que um trabalhador branco ganha, em média, R$ 573,00 por mês, ao passo que um trabalhador negro ganha aproximadamente 54% a menos. Ainda de acordo com o levantamento, a taxa média de desemprego nos últimos anos entre os negros é de 11%, enquanto a dos brancos situa-se em torno de 7%.
Na avaliação de Sérgio Machado, a discriminação racial é fruto de uma colonização equivocada e de uma secular omissão do Estado. Apesar disso, o senador acredita que o país quer mudar, daí ter assumido esse propósito por meio de seus representantes na III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância Correlata, realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Durbam, na África do Sul, há seis meses.
04/04/2002
Agência Senado
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