Mozarildo apresenta voto de confiança ao novo presidente da Funai



Mesmo reforçando sua posição de que a Fundação Nacional do Índio (Funai) deve ser presidida por um indígena, o senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) apresentou um voto de confiança ao antropólogo Mércio Pereira Gomes, empossado na segunda-feira (8) na presidência da instituição. Ele elogiou as primeiras declarações do novo presidente da Funai, de que terá como um dos seus objetivos proporcionar autonomia econômica às comunidades indígenas.

- Até agora a política indigenista do Brasil tem se preocupado exclusivamente com a demarcação de terras e não com os índios em si. A preocupação com o ser humano índio não tem existido ao longo da história. É louvável também o fato de o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ter dito que Mércio Gomes terá carta branca para renovar e reconstruir a Funai - afirmou Mozarildo.

Na avaliação do senador, a Funai vem sendo desmantelada e desconstruída propositalmente ao longo dos anos, desde que organizações não-governamentais, lideradas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), passaram a influenciar nas decisões do órgão. Ele sugeriu que Mércio Gomes -descontamine- a Funai de organizações que falam em nome dos índios sem, no entanto, terem procuração para isso.

Mozarildo disse que várias ONGs buscam interferir nas ações da Funai apenas interessadas nas terras dos indígenas, e não nos próprios índios. Ele acrescentou que essa atuação tem como objetivo impedir que, com a exploração adequada das riquezas das terras indígenas, o Brasil possa pagar suas dívidas com o sistema financeiro internacional.

- Não interessa aos países ricos que paguemos nossa conta. Eles preferem que continuemos dependentes, pagando juros, e que o povo continue passando dificuldades, que milhões de brasileiros fiquem desempregados. Para conseguir essa finalidade levantam a falsa tese da defesa de uma política indigenista voltada apenas para a terra e não para o índio - esclareceu Mozarildo.

Em aparte, o senador Augusto Botelho (PDT-RR) concordou que a política indigenista do Brasil deve se voltar para o cidadão índio e não para suas terras. Ele comentou que até agora o índio vem sendo tratado pelo governo como uma peça de museu. Botelho também pediu ao governo que, ao elaborar uma nova política indigenista, procure ouvir os índios.



09/09/2003

Agência Senado


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