Na despedida de Lula, Morales o indica para secretário-geral da ONU



Durante a emocionada despedida de seus colegas sul-americanos na Cúpula do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu (PR), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve seu nome lançado pelo colega boliviano, Evo Morales, nesta sexta-feira (17), para o cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente brasileiro agradeceu a iniciativa, mas disse que não precisa mais de cargos.

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Quando chegou a sua vez de usar a palavra durante a reunião de cúpula, Morales disse que Lula "deve ser e será o futuro secretário-geral da ONU", por causa da capacidade do presidente brasileiro, a seu ver, de "integrar os povos". Nesse momento, Lula sorriu e negou com a cabeça o interesse pelo cargo. O presidente chileno Sebastian Piñera não foi tão longe quanto Morales, mas considerou o colega brasileiro um "nome imprescindível não apenas na América Latina, mas no contexto mundial".

Na conferência de imprensa, ao final da cúpula, Lula negou que tenha interesse pelo cargo de secretário-geral da ONU, ocupado atualmente pelo coreano Ban Ki-Moon, cujo mandato vai de 2007 a 2011. Ele garantiu que não vai "pendurar as chuteiras" aos 65 anos, depois de deixar o Palácio do Planalto, mas anunciou a intenção de viajar pelos países da América Latina e da África para apresentar experiências brasileiras de inclusão social desenvolvidas em seus dois mandatos.

- Só posso compreender a indicação como um gesto de cortesia de meu companheiro Evo. Essas coisas a gente não reivindica, não pede, não articula. A ONU precisa ser dirigida por algum técnico competente, não pode ter um político forte. Fico preocupado porque, se virar moda presidente de país dirigir a ONU, os Estados Unidos vão disputar também o controle das Nações Unidas. Deus já foi muito generoso comigo - afirmou Lula, durante a entrevista coletiva.

Na despedida dos colegas, o presidente brasileiro ressaltou o bom momento experimentado pela América do Sul. O Paraguai, informou, terminará o ano com crescimento de 9,7%, o maior de toda a região segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). O Uruguai, prosseguiu, crescerá 9%, enquanto a economia brasileira terá uma expansão de 7,7% em 2010.

Lula disse ainda que não poderia deixar de reconhecer o esforço da presidência pro tempore argentina, no primeiro semestre deste ano, quando o bloco alcançou um acordo para o fim da dupla cobrança da Tarifa Externa Comum. Essa cobrança impedia a consolidação de uma união aduaneira entre os países do Mercosul. Em resposta, a presidente argentina, Cristina Kirchner, afirmou estar emocionada com as palavras de Lula e considerou os números citados pelo colega brasileiro como resultado da ênfase no atendimento dos mercados internos dos países do bloco.

- Havia uma tendência elitista de se considerar este espaço como algo menor, inviável. Mas nosso grande esforço para atender a nossos mercados internos nos permitiu enfrentar a crise mais importante desde 1930 - afirmou Cristina.

Na conclusão da entrevista coletiva, Lula recordou que antigos presidentes de países do bloco muitas vezes anunciavam a intenção de deixar o Mercosul, para negociar acordos de livre comércio com outros países ou blocos.

- Hoje nenhum de nós se queixa de estar no Mercosul - celebrou Lula, acrescentando que o momento é adequado para atrair novos países para o bloco, como Chile, Equador, Bolívia e Colômbia, além da própria Venezuela, cujo ingresso ainda depende da aprovação do Congresso do Paraguai.



17/12/2010

Agência Senado


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