O chamado "espetáculo do crescimento" só tem beneficiado os bancos, diz Mesquita Junior



O senador Geraldo Mesquita Junior (PSB-AC) disse nesta sexta-feira (20), em Plenário, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá ter "involuntariamente" contribuído para que o espetáculo de crescimento prometido por ele no início do governo tenha beneficiado até agora principalmente os bancos, que apresentaram grandes lucros nos balanços que acabam de ser divulgados.

- As elites desse país podem festejar e pular o carnaval felizes da vida, pois conseguiram um tento fantástico, de transferir do trabalhador brasileiro um volume fantástico de dinheiro, como nunca se viu - afirmou Mesquita Junior.

O senador observou que Lula, "eleito com votação expressiva", teria recebido um dever de casa da comunidade financeira internacional, que tentou cumprir. Mas ressaltou que o presidente recebeu outro dever de casa, este do povo brasileiro, para garantir melhores condições de vida à população. Por isso, recomendou, o governo deveria colocar a máquina pública à disposição do atendimento das necessidades objetivas da sociedade.

- O cidadão quer saneamento na frente de sua casa, quer participar do processo produtivo, quer os filhos na escola e atendimento em postos de saúde, sem precisar ser humilhado durante 12 horas na fila - enumerou o senador.

MST

Mesquita Junior prestou solidariedade aos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cujo vigésimo aniversário foi celebrado em sessão especial da Câmara dos Deputados, na quinta-feira (19). Na sua opinião, o MST pode ser considerado um "exemplo de dignidade e de obstinação".

- Tenho admiração por essas pessoas que há vinte anos já vislumbravam que, sem resolver a questão mais do que secular da distribuição de terra, que é de uma injustiça tão gritante, não conseguiremos dar um passo decisivo no rumo da construção de um país justo e genuinamente democrático - disse.

O senador afirmou que a atual situação do país é a de uma "democracia de miseráveis", onde existe fome e pobreza e os bancos publicam balanços com os maiores lucros da história. A seu ver, as próprias supersafras agrícolas dos últimos anos, anunciadas com entusiasmo, acabam beneficiando apenas uma pequena parcela da população que vive no campo.

- O país recebe divisas pela exportação, mas internamente o resultado das safras é apropriado por muito pouca gente, por uma elite gulosa e inescrupulosa, que não vê limite para sua ganância. Eu me pergunto quanto seria agradável se cada supersafra fosse resultado do esforço de milhões de pequenos proprietários, trabalhadores rurais assentados. Aí, sim, o resultado econômico seria apropriado de forma mais democrática - sustentou.



20/02/2004

Agência Senado


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