"O RADICALISMO IMPEDIU AVANÇOS E ATRASOU O PROJETO"



No último debate no Senado sobre o projeto que trata da extinção progressiva dos manicômios, o senador José Fogaça (PMDB-RS) afirmou nesta quinta-feira (dia 21) que "o radicalismo impediu avanços e atrasou a tramitação do projeto". Para Fogaça, nos sete anos em que o projeto tramitou no Senado os dois lados envolvidos agiram de forma radical, tanto os que querem extinguir totalmente os hospitais psiquiátricos como os que desejam mantê-los como única instituição a tratar doentes mentais.Já o senador Artur da Távola (PSDB-RJ) afirmou que, depois de anos como parlamentar, convenceu-se de que "as leis que saem em consenso são as grandes leis duradouras. Aqueles que resultam da vitória eventual de um grupo sobre outro não são efetivamente duradouras, porque não contemplam a pluralidade das opiniões". O senador pelo Rio de Janeiro observou que o projeto aprovado tem a ver não apenas com psiquiatria, mas com direitos humanos. "Ao ser jogado num manicômio, qualquer indivíduo perde a sua cidadania. O grande sentido deste projeto é a devolução da cidadania."Eduardo Suplicy (PT-SP) citou números da reforma psiquiátrica da Inglaterra, onde 90 hospitais psiquiátricos, de um total de 130, já fecharam. Cerca de dez mil pessoas foram colocadas novamente no meio de sua comunidade. Suplicy disse que o custo semanal de um paciente caiu quase à metade, naquele país, pois é mais barato manter na comunidade uma pessoa com transtorno mental do que em hospital.Por sua vez, a senadora Emília Fernandes (PDT-RS) manifestou receio de que possa ocorrer no Brasil uma política de desmonte das estruturas existentes, sem que se apontem novos caminhos. A senadora acha que o texto aprovado não é claro e objetivo sobre as estruturas que prestarão assistência aos doentes mentais, o que "deixa a porta aberta para que doentes sejam jogados na rua".

21/01/1999

Agência Senado


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