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Ele reconheceu o desenvolvimento do Brasil nos últimos anos, mas disse que ainda há muito a ser feito. Na avaliação de Fernando Henrique, é preciso melhorar a qualidade do ensino brasileiro e encontrar meios de combinar crescimento econômico com sustentabilidade, garantindo que todos "se sintam participantes desse crescimento".

Para o ex-presidente, o Brasil ainda tem um desafio muito grande, de construir uma "sociedade mais decente", em que o desenvolvimento sustentável alcance todas as pessoas, sem que alguns continuem sendo deixados de lado.

- Será que chegamos já ao ponto de dizer: 'bom, neste país a democracia não é só formal'? Neste país, o desenvolvimento não beneficia a alguns deixando outros de lado. Em parte, sim. Mas falta muito para caminhar - disse.

De acordo com FHC, embora os brasileiros tenham maior acesso à educação e à saúde pública, é preciso qualificar os serviços públicos do país.

- Temos de entrar num patamar em que não basta o acesso, a quantidade, mas a qualidade. Falta muito para o salto de qualidade - afirmou.

Ele também destacou a importância dos partidos políticos no processo democrático, mas ressaltou que é preciso encontrar um ponto de convergência entre o sistema de representação e a opinião popular. Segundo FHC, a legitimidade não é conferida mais apenas pelo voto, mas também "pela reiteração de condutas e pela aprovação difusa de uma sociedade que está sempre atenta".

- É preciso ter a sabedoria de ouvir e compreender as vozes que não ecoam aqui. Ouvir quem não tem voz ainda. Este é o desafio - salientou o octogenário.

Segundo Fernando Henrique, o mundo do futuro será dos jovens e daqueles com competência para melhorar a vida das pessoas. Ele assinalou que continua atuando no debate de temas que ultrapassam as fronteiras nacionais, como a questão das drogas e da criminalidade.

Fernando Henrique Cardoso completou 80 anos de idade no dia 18 de junho último. O sociólogo e professor universitário foi senador, ministro das Relações Exteriores, ministro da Fazenda e presidente do Brasil em dois mandatos (1995-2002).

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