Parlamentares prometem 40,5 mi para continuidade de pesquisas brasileiras na Antártica



Os 130 parlamentares da Frente de Apoio ao Proantar comprometeram-se a agilizar, na Câmara dos Deputados e no Senado, a votação da medida provisória a ser editada pela Presidência da República destinando recursos emergenciais à Estação Comandante Ferraz. O dinheiro, calculado em R$ 40 milhões, servirá inicialmente para custear a remoção dos entulhos deixados pelo incêndio.

A promessa foi feita durante audiência pública realizada na noite desta quarta-feira (29) no Senado pela Frente Parlamentar de Apoio ao Programa Antártico Brasileiro.

Além da urgência na aprovação da medida provisória, os parlamentares da frente também se comprometeram a destinar emendas individuais no Orçamento de 2013 para o Proantar, no valor de R$ 500 mil. Senadores e deputados querem ainda dar início a uma campanha de divulgação do Proantar para que a sociedade conheça o projeto e entenda sua importância.

O presidente da Frente Parlamentar, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), propôs também uma reunião dos parlamentares com representantes das Forças Armadas e do Ministério da Defesa, para definir a ajuda que senadores e deputados podem dar ao programa.

- Estamos com disposição de ir em frente, lutando para que esse episódio seja superado e o programa melhorado ainda mais - declarou.

Pesquisas

O contra-almirante Marcos José de Carvalho Ferreira, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm), disse na audiência que o acidente que destruiu grande parte da Estação Comandante Ferraz não interrompeu completamente as pesquisas brasileiras na Antártica.

No último sábado (25), um incêndio na base brasileira matou dois militares, deixou um ferido e destruiu cerca de 70% da estação de pesquisas da Marinha. Marcos Ferreira informou que a perícia preliminar na estação apontou que houve um incêndio no gerador a diesel motivado por um curto-circuito elétrico. O militar assegurou que a estação contava com sistema de segurança, mas, por motivos que ainda estão sendo investigados, os alarmes não funcionaram.

O contra-almirante explicou que ainda não há estimativa do prejuízo em equipamentos e estudos. Porém, garantiu que a pesquisa na Antártica está somente reduzida, já que o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) não era desenvolvido exclusivamente na estação, mas também em navios de apoio e acampamentos de pesquisas em outros pontos do continente.

Sobre a recuperação da estação, o contra-almirante informou que, ainda antes do acidente, no ano passado, a Marinha já elaborara um relatório para construção de uma estrutura mais moderna. As novas instalações ajudariam a ampliar as áreas de exploração na região. Com o incêndio, a instalação deste novo complexo deve ocorrer em fases e inspirada nas estações da Coréia do Sul e da Espanha, as mais modernas instaladas na Antártica. O trabalho será iniciado no Brasil, com a parte de projetos e organização do novo complexo, já que será preciso aguardar o próximo verão antártico, a partir de novembro, para que os pesquisadores possam retornar ao continente.

- A partir daí, queremos manter a presença brasileira no continente e ir aumentando as pesquisas paulatinamente até termos concluída a nova estação - explicou Marcos Ferreira.

Questionado sobre o Inquérito Policial Militar (IPM) do acidente, o contra-almirante explicou que a investigação deve ser concluída em 60 dias, no final de abril. 

Naufrágio sem riscos

Sobre o barco da Marinha que afundou na Antártica dias antes do incêndio na estação, o contra-almirante Marcos Ferreira esclareceu que o veículo era uma balsa que transportava combustível para os geradores. Com uma mudança brusca no clima da região - fato comum na Antártica -, o mar ficou agitado e acabou virando a embarcação.

O contra-almirante negou que a Marinha tivesse escondido o episódio e assegurou que não houve vazamento de óleo ou contaminação do meio ambiente. O resgate do combustível será feito em breve por um navio especial para a missão, contratado pela Marinha com aval da Petrobras.



29/02/2012

Agência Senado


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