Patrocínio manifesta preocupação com clonagem humana



O senador Carlos Patrocínio (PTB-TO) manifestou preocupação em Plenário, nesta quinta-feira (29), com a clonagem humana, anunciada recentemente por uma pequena empresa norte-americana de biotecnologia, a Advanced Cell Technology (ACT). "Fazer cópias de pessoas é algo terrível, perigoso e repugnante", disse. Ele pediu reflexão aos colegas, por considerar o assunto tão grave quanto a produção de armas químicas, bacteriológicas e nucleares.

Patrocínio, lembrando que o assunto pode afetar a vida humana em seus aspectos físico, espiritual, moral e ético, declarou-se contrário à clonagem humana para fins reprodutivos e reafirmou "extrema cautela" quanto aos processos de "clonagem terapêutica". Nesse caso, a clonagem seria o meio utilizado para obtenção de células-tronco embrionárias, úteis para a cura de doenças como Mal de Parkinson, Mal de Alzheimer, diabetes e paralisias, entre outras.

O parlamentar, que é médico, criticou o que chamou de "onda de exibicionismo e de falsa ciência", em que pesquisadores tentam reproduzir em seres humanos experiências realizadas em animais, desprezando aspectos éticos e morais inerentes à pessoa humana. Patrocínio lembrou que a mesma ACT anunciou em 1998 o desenvolvimento de um embrião híbrido de homem e bovino.

Quanto à clonagem terapêutica, o senador revelou-se cauteloso, apesar de não defender o "obscurantismo científico".

- A pessoa humana não pode ter sua dignidade rebaixada, passando à condição de experimento de laboratório. Os homens não são cobaias, são seres criados à imagem e semelhança de Deus - afirmou.

O senador salientou também que, com relação à clonagem, estão envolvidos muitos interesses, como direitos de propriedade de processos e patentes. Patrocínio disse que as empresas de biotecnologia estão empenhadas, antes de tudo, em obter grandes lucros com suas pesquisas, desprezando qualquer princípio ético.

Ele alertou para a possibilidade de fraude e má utilização de processos que envolvem a vida humana e somou-se à opinião expressa pelo presidente norte-americano, George W. Bush, que considera a clonagem humana moralmente indefensável e cientificamente pouco sólida. Patrocínio citou também opinião do diretor do Centro de Terapia Celular da Universidade de São Paulo, Marco Zago, segundo a qual a experiência de clonagem é sensacionalista e discutível do ponto de vista ético.

Em aparte, o senador Leomar Quintanilha (PPB-TO) apoiou o discurso de Carlos Patrocínio.

29/11/2001

Agência Senado


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