Petrobras deve investir US$ 158 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos



O Plano de Negócios da Petrobras para o período 2009/2013 foi detalhado, nesta terça-feira (24), em audiência pública conjunta das comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Serviços de Infra-Estrutura (CI). Dos US$ 174,4 bilhões em investimentos anunciados pelo presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, para esses cinco anos, 91% (US$ 158,2 bilhões) devem se concentrar no Brasil e viabilizar a concretização da meta de produção diária de 3,6 milhões de barris de óleo e petróleo em 2013. Em reais, os investimentos devem totalizar cerca de R$ 356 bilhões, apenas em investimentos em território nacional. A audiência pública foi presidida pelo senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), que é presidente da CAE.

Na comparação com o Plano de Negócios anterior (2008/2012), o volume de investimentos cresceu mais de US$ 50 bilhões e deve movimentar, segundo Sérgio Gabrielli, mais de 600 projetos. Embora esse novo pacote de inversões leve ao aumento da dívida líquida da Petrobras, seu presidente sustentou que o custo do endividamento é menor que o retorno desses investimentos.

- É viável, rentável e economicamente justificável - afirmou sobre o PN 2009/2013.

De acordo com Sérgio Gabrielli, a posição do preço do petróleo no mercado futuro é fundamental para orientar esses investimentos. Assim, apesar de esse indicador ter sofrido uma queda expressiva entre meados de 2008 (US$ 140 o barril) e o primeiro trimestre de 2009 (US$ 43 o barril), o dirigente informou que a tendência é que esse preço se situe na faixa de US$ 70 a US$ 80 o barril em 2013. Conforme assinalou, esse plano de investimento já teria sido projetado levando em conta uma situação de compressão do mercado, podendo suportar até o impacto do preço do barril entre US$ 45 e US$ 60.

Pré-sal

Se o PN 2009/2013 se concretizar e a Petrobras experimentar um crescimento de 8,8% ao ano na produção diária de óleo e petróleo entre 2009 (2,7 milhões de barris) e 2013 (3,6 milhões), o Brasil irá se posicionar entre os maiores produtores mundiais. A projeção partiu de Sérgio Gabrielli, ressaltando que essa expectativa não depende da exploração de novas reservas para se realizar.

Em relação à exploração de reservas no pré-sal, a Petrobras estima que, em 2013, a produção de petróleo nessas áreas chegue a 219 mil barris diários. Os investimentos no setor nesses cinco anos estão fixados em US$ 28,9 bilhões.

Ainda sobre o pré-sal, Sérgio Gabrielli comentou que o entrave a sua exploração é a aquisição de conhecimento sobre a geologia da área e seus reservatórios. Como as bacias brasileiras são únicas no mundo, o presidente da Petrobras observou que a maneira de obter esse conhecimento é pela produção, anunciando que, no dia 1º de maio, vai ser feito um teste de longa duração no pré-sal. Na ocasião, serão testados dois poços e levantadas informações sobre essas características, necessárias para definir projetos futuros de exploração.

Gás e biodiesel

Questionado pelo presidente da CI, senador Fernando Collor (PTB-AL), sobre se o Brasil alcançaria autossuficiência na produção de gás com esses investimentos, Sérgio Gabrielli admitiu que vai conquistar apenas autonomia e independência. Dos 135 milhões de metros cúbicos diários de gás que o país deverá demandar em 2013, o dirigente diz que 71 milhões de metros cúbicos deverão vir da produção nacional, mas ressalva que 30 milhões de metros cúbicos continuarão, até 2019, a vir da Bolívia.

Dentro do PN 2009/2013, a produção de biocombustíveis deverá contar com US$ 2,8 bilhões em investimentos - considerado pouco por Sérgio Gabrielli -, dos quais 84% vão para a produção de biodiesel e 16% para etanol. A empresa trabalha com a ampliação da exportação de etanol de 1 milhão de metros cúbicos diários, em 2009, para 4,2 milhões diários em 2013 e, para tanto, está focada no mercado asiático, em especial no Japão.

Já a meta de produção de biodiesel deve saltar de 1,3 milhão de metros cúbicos diários, em 2009, para 2,6 milhões em 2013. Os Estados Unidos são vistos como um mercado "promissor e atraente" para esses produtos, mas, segundo o presidente da Petrobras, não é prioridade por conta da produção própria de álcool à base de milho e pelas barreiras alfandegárias impostas ao produto brasileiro.



24/03/2009

Agência Senado


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