Política de crescimento da China pode dar exemplos ao Brasil, diz Casildo



Um estudo encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre as causas do crescimento industrial chinês nos últimos anos pode oferecer “lições valiosas” ao setor industrial brasileiro, afirmou o senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) nesta quinta-feira (11). Em pronunciamento em Plenário, o senador listou algumas das estratégias adotadas pela China, cuja participação no comércio mundial de manufaturados aumentou de 3% para 15% desde 2001, quando o país ingressou na Organização Mundial do Comércio (OMC). O senador afirmou que alguns deles, como o grande investimento em educação, deveriam ser copiados pelo Brasil.

Casildo relatou que a China ficou em primeiro lugar no levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, promovido pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. O estudo, produzido a cada três anos, faz um raio-x da situação da educação no mundo e organiza uma lista com 65 países, entre membros e parceiros da organização. O Brasil ocupa a 53º posição, atrás de países como a Tailândia e Trinidad e Tobago.

A China atingiu as maiores pontuações em todas as áreas avaliadas pela OCDE: leitura, matemática e ciência - e é ainda o país com maior número de alunos classificados como nível 5 e 6, as maiores notas que podem ser atribuídas no relatório.

- Os aspectos infraestruturais são essenciais para o crescimento econômico e social de uma nação. Mas sem a base sólida da educação, tais investimentos serão inócuos. Aí está a verdadeira lição do gigante asiático – afirmou o senador.

Casildo ressaltou que a participação da China no comércio mundial é impressionante. Não somente pelo tamanho – trata-se do maior exportador do mundo e do segundo maior importador – mas também pela variedade de produtos, já que o país está presente em todos os setores, sejam de alta complexidade ou commodities.

O processo de crescimento e diversificação da produção industrial chinesa, explicou o senador, introduziu desafios para a maioria dos setores industriais brasileiros. Dados da CNI indicam que a concorrência com os chineses afeta uma em cada quatro empresas brasileiras e 67% dos exportadores registram perdas de clientes externos para a China.

Casildo relatou que também foi fator para o sucesso da política industrial chinesa, de acordo com o estudo da CNI, a existência de mais de cem mecanismos de subsídios diferentes em cada uma das 33 regiões do país. Entre esses instrumentos estão o amplo programa de compras governamentais, voltado para as empresas nacionais; o financiamento público com juros diferenciados; a análise de risco frágil e o perdão das dívidas para estatais; o controle de exportações e importações; o ressarcimento de impostos diretos como IVA e o Imposto de Renda (prática questionável na OMC) e uma política de concessão de terras e estabilidade de preços dos insumos.

- Muitos aspectos dessa política não podem nem devem ser replicados no Brasil. Outros, contudo, deveriam ser observados atentamente – disse o senador, lembrando ainda que a China faz investimentos pesados em infraestrutura e uma redução significativa de impostos.



11/04/2013

Agência Senado


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