REQUIÃO SE INSURGE CONTRA PRISÃO DO GENERAL LINO OVIEDO



Dizendo estranhar o apoio do governo brasileiro "às eleições peruanas e à farsa democrática do Paraguai", o senador Roberto Requião (PMDB-PR) insurgiu-se nesta segunda-feira (dia 12) contra a prisão pela Polícia Federal, em Foz do Iguaçu, do general Lino César Oviedo, a pedido do Supremo Tribunal Federal, no curso de um processo de extradição.Requião leu em plenário moção de apoio que ele e Paes de Andrade, ex-presidente do PMDB, enviarão para ser votada nas convenções municipais peemedebistas que escolherão candidatos para as próximas eleições. O texto diz que o PMDB foi formado na luta contra a ditadura e "não sucumbirá agora ajoelhado aos pés de FHC". O senador disse estranhar que "o Brasil de Fernando Henrique Cardoso" proclame a defesa da democracia paraguaia. "Sutil e extraordinaria democracia essa, onde o presidente da República é nomeado pelo Congresso e se insinua a realização de uma eleição popular e direta para eleger o vice-presidente da república", observou. Definindo Lino Oviedo como um importante líder político paraguaio, Requião indagou: "Por que essa prisão? Por que Oviedo é contra a Alca, a subordinação do Paraguai aos Estados Unidos? O que há por trás desse processo?" Conforme o senador, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) é o último passo da colonização do Cone Sul pelos Estados Unidos. Para ele, a entrada do Mercosul na Alca significaria o fim das economias latino-americanas, porque, se é verdade que o Mercosul incrementou as relações comerciais desses países, não é verdade que este estímulo tenha derivado da competitividade das nossas mercadorias. Ele explicou que esse estimulo se deve fundamentalmente às taxas externas comuns e à redução dos preços contidos nas barreiras alfandegárias. "Será que é a oposição do general Oviedo a essas peripécias do Fundo Monetário e dos Estados Unidos que fazem com que o Brasil o prenda?", indagou ainda Requião. Para ele, Oviedo nada deve à Justiça. O senador sustentou que o general foi inocentado no Paraguai em decisão transitada em julgado. Também informou que Oviedo foi indultado pelo presidente constitucional Raul Cubas. E, ao sair da cadeia, candidatando-se à presidencia do partido Colorado, foi impedido de conseguir seu intento em razão de manobras dos seus adversários, que fizeram com que perdesse o indulto. Para Requião, "é evidente que nada tem de democrática e legal essa manobra, que não tem precedente na história constitucional do mundo". Ele considerou "realmente insuportável o comportamento do governo brasileiro nisso".

12/06/2000

Agência Senado


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