Simon critica Dilma e compara restrições a novos partidos ao 'pacote de abril' da ditadura



VEJA MAIS

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) fez nesta quarta-feira (24) duras críticas ao PT e à presidente Dilma Rousseff. O pronunciamento do senador foi motivado pela possibilidade de votação do projeto de lei que restringe o acesso de novos prtidos à propaganda em rádio e TV e ao fundo partidário (PLC 14/2013). Simon disse estar arrependido de ter votado em Dilma nas últimas eleições.

- A presidenta está começando a perder a credibilidade. Já está começando a se ver que ela é uma política vulgar. Talvez tenhamos de nos referir à Marechala Presidente! Talvez, daqui a pouco, ela tenha de aparecer com um casaco diferente, que pode até continuar sendo vermelho – sua cor preferida –, mas com estrelas. O pacote de abril da Dona Dilma começou, e o pior é que quem começa não volta para trás e se acostuma – lamentou Simon.

Emocionado, Pedro Simon chamou o projeto de “pacote de abril da presidente Dilma”, em referência ao pacote de abril lançado durante o regime militar. O conjunto de leis, outorgado em 1977 pelo então presidente Ernesto Geisel, fechou temporariamente o Congresso Nacional.

- O primeiro ato da ditadura não foi o AI-5. Foi ato institucional número 1, para durar dois meses; aí gostaram. Veio o segundo, e aí gostaram. E aí veio o quinto, que era para durar a vida inteira; e aí afundaram.

O projeto em questão impede a transferência do tempo de propaganda eleitoral e dos recursos do Fundo Partidário relativos aos parlamentares que deixarem os seus partidos para ingressar em uma nova legenda. Para os críticos da medida, a votação seria uma tentativa de prejudicar a candidatura da ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Ela tenta viabilizar a criação do partido Rede Sustentabilidade e é apontada como candidata à Presidência da República nas próximas eleições, em que Dilma pode disputar a reeleição.

Simon disse estar em dúvida quando à intenção da presidente Dilma Rousseff no que diz respeito ao projeto, e se perguntou se ela estaria fazendo isso porque "se deixou ludibriar pela paixão do cargo e quer se manter no cargo, custe o que custar".

Embora se declare favorável a um limite do número de partidos, o senador ressaltou que não concordava com a forma apressada com que a medida estava sendo proposta.

É essa também a crítica de Marina Silva, que, em visita ao Senado na terça-feira (23), defendeu a tramitação do  projeto pelas comissões de mérito. Foi apresentado um requerimento de urgência, que levaria a matéria direito ao Plenário, onde poderia ser votado ainda nesta quarta-feira.

A comparação de Simon com o pacote de abril da ditadura gerou uma discussão com o senador Jayme Campos (DEM-MT), favorável ao projeto, que foi acusado por Simon de ter feito parte da Arena, partido de sustentação do regime de exceção. Jayme Campos, após o discurso de Simon, afirmou que, embora respeite todos os partidos, não fez parte da Arena e recebeu um pedido de desculpas do senador do PMDB, que no entanto manteve a comparação e instou o colega a votar contra este "pacote de abril de 5ª categoria".



24/04/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


Senado aprova restrições a novos partidos

MP 624 e restrições a novos partidos vão ser votados nesta terça-feira

Senado deve retomar discussão de restrições a novos partidos

Liminar do STF e rejeição política dificultam restrições a novos partidos

Prossegue discussão em Plenário sobre restrições a novos partidos

STF libera discussão de projeto que cria restrições ao estabelecimento de novos partidos