Teotônio alerta para escassez de água no mundo



Das 20 maiores cidades do mundo, 18 estão em países pobres e nenhuma tem água suficiente, incluídas, nessa estatística da escassez, São Paulo e Rio de Janeiro. Os dados foram apresentados nesta sexta-feira (28), em Plenário, pelo senador Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), durante pronunciamento em que defendeu a suspensão do contingenciamento de recursos da Agência Nacional de Águas (ANA).

Teotônio ressaltou que há 10 anos, de acordo com o Banco Mundial, 250 milhões de pessoas, em 26 países, já sofriam a escassez crônica de água. E que, a cada 21 anos, a demanda por esse bem tem dobrado. Segundo a Organização das Nações Unidas, alertou, o horizonte mais favorável aponta que, na metade do século, dois bilhões de pessoas em 48 países não terão água.

Em poucos anos, previu Teotônio, o bem estratégico mais precioso já não será o petróleo, mas a água. Ele lembrou notícia divulgada nesta semana, dando conta de que os árabes estão comprando água da Bulgária a preço sete vezes mais caro que o petróleo.

O senador citou relatório das Nações Unidas apresentado no último dia 22, Dia Mundial da Água, no Terceiro Fórum Internacional da Água, em Kioto, no Japão, segundo o qual -os problemas mais importantes do século XXI são a qualidade e a gestão da água-. Citou também advertência da Unesco de que -nenhuma, nenhuma região será poupada do impacto dessa crise que afeta cada aspecto da vida, desde a saúde das crianças até a capacidade das nações de assegurar comida para os seus cidadãos-.

Teotônio recordou os problemas enfrentados pelos nordestinos com a escassez de água, apesar de o Brasil dispor de 12% de toda a água doce do mundo. E criticou o fato de o governo brasileiro não ter assumido, na última semana, qualquer defesa da proposta das organizações não-governamentais, que pediam que a ONU considerasse como direito o acesso a um mínimo de 50 litros de água por habitante/dia. O Brasil, registrou, defendeu, -numa linha comodamente conceitual-, apenas que se considerasse a água como bem social, sobre o qual as nações devem exercer sua soberania.

O senador defendeu a necessidade de manutenção dos recursos orçamentários destinados à ANA, para que ela cumpra o papel de guardiã do uso e manejo das águas. Para este ano, afirmou, o orçamento prevê uma arrecadação de R$ 87 milhões, mas a previsão de disponibilidade é de apenas R$ 44 milhões, devido ao contingenciamento.

Teotônio disse que a única saída para o problema da escassez de água, tanto para o Brasil quanto para o mundo, é a de preservar, a fim de se evitar que a poluição inutilize para o consumo os recursos hídricos e que o assoreamento esterilize os rios, e -para que a história não nos condene como a geração que usurpou do futuro do Brasil exatamente o bem estratégico mais abundante que a natureza nos confiou-.

Em aparte, a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), afirmou que é preciso estar atento -porque muita coisa já foi privatizada e porque a água faz parte de uma disputa mundial-. Já o senador Almeida Lima (PDT-SE) afirmou que o governo precisa estabelecer um planejamento estratégico para que o povo brasileiro -não venha a sofrer as conseqüências que sofrem povos de outras regiões do planeta-.



28/03/2003

Agência Senado


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