Votos nulos e em branco caem pela metade









Votos nulos e em branco caem pela metade
Índice caiu de 18,7% em 1994 e 1998 para 10,3%, o que mostra maior interesse pelo pleito

O número de votos em branco e nulos na primeira eleição presidencial brasileira totalmente informatizada foi expressivamente menor do que nas eleições de 1994 e 1998. O índice, este ano, caiu quase pela metade: em 1994 representava 18,77% dos votos apurados e em 1998, 18,7%.

Ontem, com 99,7% das urnas apuradas, os votos em branco e nulos eram 10,39% do total.

Na opinião da analista de pesquisas políticas e consultora do Grupo Estado Fátima Pacheco Jordão, o eleitor se mostrou mais interessado pelo pleito e se preparou mais para ir às urnas. "As pessoas fizeram suas 'colas' e os argumentos de desqualificação dos eleitores não funcionaram nesta eleição", diz ela, numa referência às correntes que pregavam que os eleitores poderiam se confundir com o uso da urna eletrônica e, involuntariamente, anulariam seus votos, aumentando a taxa de votos nulos.

Segundo Fátima, as campanhas de orientação nos meios de comunicação e a ação de instrutores durante a votação, que distribuíram um modelo de "cola" para os eleitores preencherem com o número de seus candidatos, contribuíram para a melhor preparação do eleitorado. "Foi semelhante a quando mudava a moeda no País: o eleitor vê a novidade e se prepara para ela", compara.

Já a diretora-executiva do Ibope, Márcia Cavallari, acredita que os eleitores lidam melhor com o número dos candidatos do que com uma cédula em que precisam ler uma lista de nomes ou escrever o nome do concorrente escolhido. "É mais fácil levar uma 'cola' e digitar direto o número do que ter de lidar com uma lista, em que o eleitor precisa localizar o seu candidato", observa.

Márcia também defende que esta eleição estava mais disputada do que as anteriores. "Isso também influencia a diminuição de votos em branco e nulos."

Abstenção - As longas filas, pelo visto, não foram motivo para aumentar o índice de abstenção na eleição. Este ano, 17,8% dos eleitores deixaram de votar, taxa semelhante à de 1994 (17,76%) e menor do que a de 1998 (21,49%). Para Fátima, esse é mais um argumento que mostra maior interesse das pessoas pelas eleições.

"Desde o começo da campanha, já era possível reparar que os eleitores estavam se informando mais, mostrando um nível mais alto de conscientização", afirma. Fátima destaca, por outro lado, que os maiores índices de abstenção foram registrados na Bahia (25,2%) e no Maranhão (24%).

"Curiosamente, são justamente os lugares onde as oligarquias ainda são fortes, coincidindo com um menor interesse do povo pela eleição. É onde as pessoas ficam mais distantes do voto", conclui.


Ibope avalia que acertou mais do que errou
Segundo presidente do instituto, houve falhas em Mato Grosso do Sul, no Pará e na Paraíba

Na avaliação do presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, o balanço final das pesquisas feitas pelo instituto no primeiro turno destas eleições foi positivo, admitindo erros apenas nas sucessões dos governos estaduais de Mato Grosso do Sul, da Paraíba e do Pará, onde também não conseguiu acertar quem ocuparia a segunda vaga para o Senado ao lado da candidata do PT, Ana Júlia.

"Não captamos que haveria um segundo turno em Mato Grosso do Sul nem na Paraíba", disse ele.

Na última pesquisa do Ibope para a Paraíba, divulgada na sexta-feira, Cássio Cunha Lima (PSDB) tinha 57% dos votos válidos, enquanto Roberto Paulino (PMDB) tinha 32%. O tucano terminou com 47,2% e Paulino teve 40% dos votos válidos. Para Mato Grosso do Sul, Zeca do PT aparecia com 53% e Marisa Serrano (PSDB), com 40%. No final, Zeca teve 48,3% e Marisa, 42,4% dos votos válidos.

No Pará, o Ibope indicava Simão Jatene (PSDB) com 33% e Ademir Andrade (PSB), com 30%. Jatene obteve 34,4% e vai disputar o segundo turno com Maria do Carmo (PT), que atingiu 28,9%. Andrade ficou de fora da segunda etapa, com 25%.

Por outro lado, Montenegro ressaltou o acerto no Distrito Federal, em que a pesquisa de boca-de-urna mostrava que haveria um segundo turno entre Joaquim Roriz (PMDB), que tinha 44%, e Geraldo Magela (PT), que aparecia com 40%.

"Estávamos até pensando que não sabíamos mais fazer pesquisa no Distrito Federal", brincou Montenegro. Com 97,1% das urnas apuradas, Roriz atingia 43% dos votos válidos e Magela, 40,9%.

Presidência - Sobre a sucessão presidencial, a boca-de-urna do Ibope indicou a probabilidade de haver segundo-turno entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB), mas errou os números. No levantamento, Lula tinha 49% e Serra, 20%. Com 99,8% das urnas apuradas, Lula chegou a 46,4% e o tucano, a 23,2%. Os resultados superaram a margem de erro de 1 ponto porcetual admitido pela pesquisa.

Montenegro e a diretora-executiva do Ibope, Márcia Cavallari, afirmaram que não há pesquisa infalível, pois há fatores que não podem ser controlados pelo instituto. "Há o erro involuntário, em que o eleitor acha que votou num candidato, mas acabou se atrapalhando e votando em outro", disse Márcia.

Sobre a sucessão do governo paulista, o instituto também acertou ao captar a disparada de José Genoino (PT) que lhe garantiria o segundo turno com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). O levantamento de boca-de-urna apontava Alckmin com 34%; Genoino, com 33% e Paulo Maluf (PTB), com 25%. Com 99,3% das urnas apuradas, Alckmin tinha 38,3% e Genoino, 32,4%.

Indecisos - Márcia ressaltou que há também mudanças de última hora, que podem interferir no resultado das pesquisas. Um desses fatores são os eleitores indecisos, que só escolhem seus candidatos no momento derradeiro. "Em São Paulo, por exemplo, havia 10% de indecisos na semana da eleição", disse ela.

Os eleitores que indicam um candidato na pesquisa, mas afirmam que podem mudar de idéia, são mais um fator que altera o potencial de acerto das sondagens. "Tem eleitor que simplesmente muda de idéia", afirmou ela.

Segundo Montenegro, para essa primeira etapa das eleições o Ibope fez mais de 1 milhão de entrevistas em todo o País. A primeira pesquisa para o segundo turno, de acordo com Montenegro, será divulgada na terça-feira que vem, dia 15. (F.W.)


Lula quer atrair ACM e ampliar aliança à direita
Segundo Palocci, se for necessário, candidato pode telefonar para senador eleito

Na corrida pelos mais diferentes apoios no segundo turno, o PT não está apenas atrás dos candidatos derrotados de oposição, como Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB). Vai também disputar com os tucanos o aval do senador eleito Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). Na tentativa de levar Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, o comando da campanha petista não medirá esforços para ampliar o leque de adesões, caminhando para o centro e até mesmo para a direita.

"Se for necessário, pode existir um telefonema do Lula para ACM", afirmou o prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci Filho, coordenador do programa de governo do PT. "Todo mundo que quiser nos apoiar será bem-vindo porque, agora, é como se o jogo estivesse zero a zero." Palocci foi além e disse que o partido buscará todos os "votos disponíveis". "Não temos preconceito de voto", argumentou.

Antigo desafeto de presidenciável José Serra, ACM não está disposto a apoiar o tucano. Fechou com Ciro Gomes (PPS) no primeiro turno, mas antes de votar, no domingo, disse que acreditava na eleição de Lula. Chegou até a fazer elogios ao petista ao argumentar que, se ele vencesse naquele dia, a especulação acabaria e o dólar voltaria à normalidade.

Na tarde de ontem, o senador eleito sinalizou com a possibilidade de acordo.

"Não podemos tomar uma posição inflex


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