Wellington Dias: combate ao 'crack' passa por restrição a outras drogas



O senador Wellington Dias (PT-PI) lembra que o enfrentamento do problema do crack passa pelo combate a todos os tipos de drogas. Segundo ele, de cada cem pessoas que fazem uso do crack, pelo menos 90 começaram consumindo bebidas alcoólicas ou outras drogas.

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- Nenhuma droga deve ficar de fora de um plano nacional contra o crack - afirma Wellington, que presidiu subcomissão do Senado encarregada de discutir políticas voltadas aos dependentes de álcool e drogas.

O senador defende também o aumento da cobrança de tributos sobre a comercialização de drogas lícitas - como o álcool e o cigarro - para financiar as políticas públicas de combate ao crack.

- É da cobrança de tributos sobre as drogas lícitas, o que já se faz hoje e que pode inclusive ser aumentado, que devemos retirar as receitas para as políticas e programas contra as drogas - defende.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) argumenta que, por se tratar de uma droga com maior potencial de dependência e maior poder de destruição, o crack merece atenção especial.

- É preciso um planejamento de ações voltadas para prevenção e o combate a todas as drogas, mas o crack é diferente de outras drogas, tanto por sua natureza econômica quanto por ser mais letal e merece mais atenção - ressalta.

Dependência imediata

Obtido a partir da mistura da pasta-base de coca ou cocaína refinada com bicarbonato de sódio e água, o crack concentra os princípios ativos da cocaína. O formato de pedra é alcançado após um processo de aquecimento a mais de 100 graus centígrados, quando o composto passa por um processo de decantação em que as substâncias líquidas e sólidas são separadas. O resfriamento da porção sólida gera a pedra de crack. O nome vem do ruído que as pedras fazem ao serem queimadas durante o uso.

De acordo com Wellington Dias, por ser produzido de maneira clandestina e sem qualquer tipo de controle, há diferença no nível de pureza do crack, que também pode conter outras substâncias tóxicas como cal e acetona. Em geral, o produto é fumado em cachimbos improvisados.

Na avaliação do senador, pela forma de uso, o crack - que ao ser inalado chega mais rapidamente à corrente sanguínea do que a cocaína, por exemplo - é mais potente do que qualquer outra droga e provoca dependência quase que imediata.

Segundo o parlamentar, o baixo custo da pedra - em torno de R$ 5 - é na verdade ilusório, já que o dependente sente necessidade de fumar diversas vezes por dia.

- Basicamente, o dependente acaba de fumar uma pedra, desmaia, fica numa situação de imobilidade e logo que acorda já sente a necessidade de usar uma nova pedra. Portanto, aquilo que é barato por unidade se torna caro em quantidade - observa o senador.

Como consequência, Wellington Dias aponta o aumento da incidência de furtos e crimes nas regiões próximas às "cracolândias".

- Um consumidor como esse tem um custo que chega a R$ 2 mil por mês. Esse consumidor, na maioria das vezes de baixa renda, não tem dinheiro para bancar esse custo. A consequência foi que se ampliou o número de assaltos, de roubos, de criminalidade e conflitos familiares para que o dependente se dê conta de seu consumo - disse.



20/01/2012

Agência Senado


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