Resumo de Como se perpetuam relações desajustadas no casamento

Num casamento, quando ocorre um desajuste conjugal, a responsabilidade pelo problema é de ambos os cônjuges, mesmo que aparentemente a situação aponte para um único responsável.
Isso porque ocorre o que pode ser chamado de acordo inconsciente entre os dois no casamento, isto é : um problema que aparentemente é de apenas um dos cônjuges, é, em geral, compartilhado ou até mesmo aceite pelo outro.
Assim, uma pessoa ao casar se ou manter-se casada o faz pelas virtudes do parceiro ou da própria união. Porém, com as virtudes, aparecem as diferenças e até mesmo os problemas.
Por exemplo, uma mulher casada com um marido alcoólatra e violento que a agride fisicamente, muitas vezes com lesões graves, pode ficar anos e anos nessa situação, até mesmo a vida toda, podendo manter-se todo o tempo da união queixando-se do marido. Não é raro que pessoas que se separam de um cônjuge assim, casam-se com outro com as mesmas características. A pessoa tem em sã consciência a ideia de que se casou com o marido enquanto sóbrio (ou seja, com o seu lado bom), que é " trabalhador, bom pai, bom marido ", não com o marido que bebe e fica violento (seu lado mau). Contudo, o problema do marido pode esconder um problema da esposa, que mantém-se em tal casamento por problemas psicológicos seus, como baixa auto-estima (sentimento que pode levar a mulher a não acreditar ser capaz de ter um marido melhor) ou desejos inconscientes de ser castigada (tratando-se de masoquismo, sendo pessoas que se colocam em situações para sofrer, na maioria das vezes sem se dar conta disso). Para a mulher, o problema é o marido que a faz sofrer, não ela que se mantém ao lado de um homem que a trata dessa forma. Uma mulher assim para conseguir separar-se do marido, por pior que este seja, tem que resolver os seus próprios problemas íntimos e psicológicos antes da separação, ou após, para não repetir um casamento com mesmas características. Esse exemplo dado é um caso extremo, mas em muitos casos normais do quotidiano a situação se assemelha.
Questões sócio-culturais também são muito importantes na manutenção de casamentos muito desajustados, principalmente em culturas e classes sociais em que a mulher (ou o homem) tem uma educação rígida em relação ao casamento, não tendo uma vida pessoal própria, independente, mesmo profissionalmente, em que o casamento e a maternidade são vistos como meio de vida, muitas vezes por necessidade e não como opção.
Além disso, muitos casamentos mantêm-se pela extrema dependência afectiva dos cônjuges um do outro, que faz com que desajustes intensos no casamento sejam tolerados, de modo que a tristeza pela perda do casamento seja intensa ou até insuportável, não permitindo uma separação mesmo que os problemas conjugais sejam vários.

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