Resumo de Libertação Através da Educação Artística - Raimundo da Silva Santos Júnior (Juruti)

Libertação Através da Educação Artística
Autor: Raimundo da Silva Santos Júnior (juruti)
Em: 26 de abril de 2008

Se estamos carentes de fundamentação e destituídos de prática para trabalhar as Artes na escola, é porque a escola não vê para a disciplina um alvo, isto é, não vê seus alunos em um outro tipo de futuro que não seja a servidão ao trabalho fabril ou público, o que já dissemos em outro artigo denominado Importância das Artes no Ensino Fundamental.
Daí se dizer que o trabalho artístico desenvolvido da educação infantil ao Ensino Fundamental, indica uma fortíssima tendência a desconsiderar a espontaneidade, a livre expressão das crianças, submetendo-as a procedimentos mecânicos. Exemplos destes procedimentos até hoje presente em muitas instituições é o uso de desenhos mimeografados a serem coloridos pelas crianças, ou sobre os quais elas devem colocar papel picado, macarrão, palitos. Estes procedimentos são do tipo necessário para preparar o homem para a mera servidão, aquele que não usa sua criatividade, mas apenas executa tarefas impostas.
A escola é lugar onde todos deveriam ter acesso aos bens culturais da humanidade. Nossos educadores têm confundido Artes com lazer, com passa tempo, com trabalhos meramente manuais.
Hoje as Artes na escola têm sido usadas como uma estratégia para segurar as crianças na sala de aula. É muito comum vermos em sala de aula as crianças pintando desenhos copiados pelo professor, quase nunca pintam seus próprios desenhos. Não são raras as vezes em que os educadores preparam desenhos para serem pintados, com objetivo de aquietar o ânimo das crianças em sala de aula, afim de atender outros alunos com necessidades educacionais.
Pensar em formação integral para o aluno, com uma sala superlotada, onde estes não conseguem nem mesmo se locomover, é uma grande piada. Um professor sozinho jamais conseguirá atender de igual modo trinta e cinco alunos saudáveis, nesse nível de aprendizagem. Seria fácil, no entanto sem rendimento satisfatório, atender esse quantitativo de alunos se estes fossem doentes, passivos, o que não queremos que nossos alunos sejam. Este é também um aspecto importante.
Um outro aspecto de grande importância é a formação do professor, principalmente no que se refere à Educação Infantil e aos anos iniciais do Ensino Fundamental. Como irá ensinar Artes quem não aprendeu consistentemente sobre as Artes. Seria ingênuo de nossa parte esperar que nossos alunos ingressem no Ensino Médio com suas expressões artísticas desenvolvidas.
Na verdade nossos alunos são vítimas da falta de importância dada a esta disciplina pelos pensadores da educação pública. O desenvolvimento das expressões artísticas tem sido visto como de pouca importância para o desenvolvimento integral da criança, se assim não fosse o curso de Pedagogia discutiria melhor tal importância.
É uma grande falta de conhecimento sobre o desenvolvimento humano, ou realmente estão pensando uma educação deficiente para os filhos dos pobres. Desconsiderar a Educação Artística é o mesmo que impedir a libertação da criança. A timidez, a insegurança, a intolerância e o medo são exemplos de sentimentos que são confrontados pelas práticas artísticas realizadas na escola.
Muitos de nós fomos libertos de sentimentos prejudiciais ao nosso desenvolvimento, quando fomos bem orientados nas aulas de Educação Artística. Um bom professor de Educação Artística é aquele que ajuda a criança a perceber seu valor, sua importância.

REFERÊNCIAS

PORCHER, LOUIS (organizador), Educação Artística: Luxo ou Necessidade, terceira ed., Summus, 1982.

BRONOWSKI, Jacob. O olho Visionário. Ensaios sobre Arte, Literatura e Ciência. Editora da UNB, Brasília, 1998.

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