BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Conto : O burrinho pedrês - Sagarana
(João Guimarães Rosa)

Publicidade
Era um burro velho, magro e com a pelagem já encardida chamado Sete-de-Ouros, nome que o último dono lhe dera, pois era jogador de cartas. Mas ele já tivera muitos outros nomes, dados por outros tantos donos que já tivera. Já fora chamado de Brinquinho, Rolete (referência ao seu porte na mocidade, um tanto robusto), Choco-chato e Capricho.
Na mocidade, passara por poucas e boas. Já fora picado de cobra no focinho, fato que quase o levara à morte, já tivera até um peão morto a tiro sobre seu lombo.
Agora, vivia Sete-de-Ouros, sua velhice tranqüila na Fazenda da Tampa, pertencente ao Major Saulo, lá pras bandas de Minas Gerais. E é numa manhã nublada que começa a história.Quando Sete-de-Ouros cochila debaixo do galpão, um dos cavalos da fazenda, por sinal, dos mais briosos, escapa do mourão onde fora preso. Logo se aproxima de Sete-de-Ouros e dos outros animais que estão quietos ruminando sua vidinha, já provocando algazarra de coices. Nosso burrinho, sendo de paz, trata de esquivar-se e procura um local sossegado para estar. Este foi seu azar, pois resolve que o lugar mais calmo seria perto da varanda da sede da fazenda. Mas, eis que ali está o Major, já preocupado, às voltas com a má notícia que recebeu do capataz, Francolim. A cerca rebentara no fundo do pasto do açude, deixando escapar quase todos os cavalos e justo quando precisam tocar o gado vendido para o arraial a fim de embarca-los no trem.
Ao ver o burrinho, o Major não tem dúvidas, manda que o levem também, mesmo sob os protestos do capataz de que estava muito velho.Sete-de-Ouros gosta menos ainda da idéia e bem que tenta negar, mas não há meio, tem de sair com um peão dos mais leves montado nas costas. Já que tem que ir, vai, mas sempre devagar, pois não tem pressa de nada.
A viagem não é fácil, pegam chuva, atravessam o córrego da Fome que, com a chuva que diz que caia há quatro dias na nascente, transformou-se em rio perigoso.
Sete-de-Ouros vai atrás da boiada, sem se esforçar demais, mas agüenta tudo. Durante a viagem ouve-se boatos de que um dos peões, o Silvino, planeja matar outro, o Badu por causa do amor de uma morena que o segundo roubou do primeiro, mas nosso burro não se mete em encrenca e não quer saber disso.
Na volta, Badu bebe demais e se demora um pouco para pegar a montaria. Os outros, divertindo-se, pegam seu cavalo e deixam-no com o burrinho, e ele, mesmo esbravejando não tem escolha senão monta-lo.Já vai anoitecendo quando se colocam no caminho de volta e é mesmo verdade que Silvino planeja matar o Badu depois que passarem o rio.
Quando chegam todos na margem, percebem que as águas subiram ainda mais durante o dia e que a enxurrada esta forte. Então, deixam o burro decidir. Se ele entrar é seguro, que burro não se mete onde não vai conseguir passar.
Sete-de-Ouros sonda e depois entra e os outros vão atrás. Quando estão no meio do rio, a correnteza fica mais forte e leva a todos, homens e cavalos. Mas o burrinho, pára, toma fôlego e depois continua calmamente. Badu, bêbado que está, só se agarra à sua crina, também o capataz, perdido de sua montaria, agarra-se ao rabo do burro e consegue salvar-se. Ao sair da água, o burrinho nem pára. Trata de seguir até a fazenda para poder descansar e comer sossegado.



Resumos Relacionados


- Sagarana - O Burrinho Pedrês [1º Conto]

- Sagarana - 1prt

- Sagarana (parte I)

- Sagarana - Parte 1

- Sagarana - 2prt



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia