Resumo de Memória de Minhas Putas Tristes

“No ano em que completei 90, quis dar a mim mesmo de presente uma noite de amor selvagem com uma adolescente virgem. Pensei em Rosa Cabarcas, a proprietária de um bordel que avisaria seus bons clientes quando houvesse uma nova menina à disposição. Nunca sucumbi a essa ou a qualquer de suas muitas outras tentações, mas ela não acreditava na pureza de meus princípios. Moralidade, também, é uma questão de tempo, ela teria dito com um sorriso malévolo, você verá." "Memória de Minhas Putas Tristes" (2004), o erótico mas inspirador romance produzido por Marquez depois de um longo intervalo de dez anos, desde que escreveu "De Amor e Outros Demônios" em 1994, começa com as linhas acima. O protagonista, um idoso jornalista no final de sua vida, cogita passar uma noite com uma virgem, em seu nonagésimo aniversário. Para materializar seu desejo, ele contata uma velha senhora e se abre à idéia de deflorar uma virgem de 15 anos, que vem a ser uma operária. A cena da garota dormindo nua no prostíbulo nos lembra "A Casa das Belas Adormecidas", de Yasunari Kawabata, o grande escritor japonês, tecedor de mágicos contos de belas adormecidas nuas. No romance de Kawabata, o velho Eguchi dorme com uma menina diferente a cada vez, enquanto o idoso jornalista de Marquez se apaixona loucamente por Delgadina e nunca se satisfaz com nenhuma outra. A menina nua dorme a noite toda sob efeito de sedação. O homem a observa, somente, e a toca mais tarde. Ele confessa, "Tentando não acordá-la, sentei-me na cama, nu, meus olhos acostumados agora aos enganos da luz vermelha, e a examinei polegada por polegada. Corri a ponta do meu dedo indicador ao longo de sua nuca úmida e ela estremeceu por dentro, em toda a extensão de seu corpo..." E, mais tarde, "Aquela noite, descobri o improvável prazer da contemplação do corpo de uma mulher adormecida, sem as urgências do desejo ou os obstáculos da modéstia". Embora a condição de sua casa, o velho gato que recebe como presente de aniversário, e seu frenético esforço em proteger as poucas posses restantes, sugiram sua miserável condição, sua habilidade de lidar com a velha e ultrapassada tecnologia na editora de jornais é projetada como uma de suas muitas qualificações, pelas quais ele ainda consegue conservar seu emprego. Entre as coisas de que se orgulha, está o fato de nunca ter desfrutado o sexo com uma mulher sem tê-la pago pelo prazer. De um jeito muito imaginativo, o romance conta a história de amor e sexo entre um feio e velho jornalista medíocre e uma jovem operária que compromete sua virgindade em troca da subsistência de sua família. É a história de um recém-descoberto amor, de parte de um velho escritor que nunca fora casado. Embora ele possa não ter aproveitado o sexo conforme suas projeções, a garota lhe deu uma nova dimensão de sua vida, gentilmente despertando-lhe memórias e inspirando sua imaginação. Ele está encantado e enamorado de sua beleza adormecida. -"Eu a prefiro dormindo", reconhece. A experiência imprevista o emociona, o enleva. Aqueles que leram seu magnum opus "Cem Anos de Solidão", ou "O Outono do Patriarca", têm motivos para arquear as sobrancelhas diante da narração e estilo de “Memórias de Minhas Putas Tristes”. Mas deveriam apreciar o fato de este não ser um trabalho de realismo mágico, pelo qual Marquez se tornou tão famoso: ele casa com suas obras-primas mais condensadas, a exemplo de "Crônica de uma Morte Anunciada", ou "De Amor e Outros Demônios", com os quais compartilha muitas similaridades, como a paixonite de um homem velho por uma adolescente. O tempo em que decorre a trama de "Memórias de Minhas Putas Tristes" são o início dos anos 1960 - a década de possibilidades. Esta não é a história de um pervertido velho derrotado; em vez disso é um inspirado conto de celebração da vida, pela sua aceitação. Não são memórias, apenas, mas também um relato sobre prazeirosas possibilidades.

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