Um HOMEM CÉLEBRE
(Machado de Assis)
O conto Um homem célebre, de Machado de Assis, encontrado no livro Contos definitivos, inicia quando pestana vai a um sarau em comemoração ao aniversário de sessenta anos da viúva Camargo e lá é convocado pela viúva para tocar algumas polcas ao piano. O detalhe que nos chama atenção, de repente não à primeira lida, é que Pestana toca as polcas sem nenhum entusiasmo. Logo ao se retirar do piano é abordado por algumas senhoras que lhe enchem de elogios devido às suas composições. Porém, Pestana não parece feliz, todos lhe oferecem remédios, mas ele recusa e vai embora.
Esse fato inicia a trajetória narrada na vida de Pestana. Em seguida Machado aumenta o ar de mistério em torno da polca, os fatos da seqüência só demonstram cada vez mais o quanto Pestana procurava fugir de suas composições. Entretanto, quanto mais fugia, mais suas polcas estavam presentes no mundo a sua volta.
Seu grande sonho era compor música clássica, mas apesar de seus esforços acaba sempre compondo polcas. Esta citação, retirada do conto, define perfeitamente a vida de Pestana “[...] eterna peteca entre a ambição e a vocação”. O mais próximo que Pestana chegou de realizar seu grande sonho foi uma “suposta” composição de música clássica, que foi identificada por sua mulher como sendo de Chopin. E realmente era, sua cabeça havia lhe pregado uma peça.
Quem acaba pregando uma peça é Machado de Assis, ao criar um final nada bom para Pestana, que termina por não realizar seu sonho. Como sempre Machado surpreende trazendo a realidade às suas obras, ao contrário dos finais idealizados encontrados em muitos dos românticos.
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