Economia Emocional
(Tião Martins)
As pessoas tem medo de sofrer, sem perceber que a vida sem motivos, sem emoções e sem riscos, como um mergulho na solidão a dois, a quatro, a cinco...esta esquina de inocência e pecado cedo espaço às desconcertadas reações de seus freqüentadores.
Resmungos há, queixas da liberdade e até aplausos sonolentos.
Verdade ou ficção não importa. Bom mesmo é quando alguém vai mais longe, abre inteiro o coração e mostra tudo que se move por lá.
O compromisso nessa esquina é ser fiel à verdade de quem escreve. Como se o texto já estivesse sido escrito há anos, à espera de um momento.
Trinta anos. A idade da razão e do desconsolo para certas pessoas. Jovem demais para tudo que já viveu.
Melancolia além do que seria de se esperar. Catastrófica falta de sentido, de amor, de romantismo, de tudo que dá vida à vida.
As pessoas evitam o encontro real e a proximidade, que abrem as portas para a intimidade emocional.
A intimidade emocional foi substituída pela intimidade física. Se tocam sem critério e sem amizade. Como não se apaixonam, também não se dividem, não compartilham; pensando estar protegidos contra o tédio e o vazio.
Temos vergonha de ser romântico, de sentir, de acreditar que pode dar certo.
Se casamos sem amor como acreditar que pode dar certo? Acreditando já é difícil. E quando nem coragem temos de apostar algumas fichas?
Entramos de cabeça no trabalho, nas relações efêmeras e sem importância, nas festas e bebedeiras.
Imitamos a felicidade. E a cada dia há menos tempo,amor e sensibilidade. A paisagem fica mais sombria, cruel fotografia do nosso tempo.
Desconsolo.
Desesperança.
Jamais houve tanta escassez de carinho, cumplicidade e ternura. Nascem daí os desequilíbrios da nossa economia emocional concluída com a mais triste das frases: sinto pena.
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