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O Estrangeiro
(Albert Camus)

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  O Estrangeiro - O absurdo do existir

Romance de 1941, O Estrangeiro, de Albert Camus, tematiza o absurdo a que pode conduzir a automatização do ser humano na sociedade.
Ambientado na década de 40, esta narrativa passa-se em Argel. O personagem principal e ao qual é atribuída a narração da história, é o Sr.Meursault, 30 anos. Certo dia, ele enterra sua velha mãe, não chora. Passa-se um breve período de tempo. Inicia relacionamento com Marie Cardona, assiste a um filme humorístico, tem relações sexuais. No outro dia, ajuda Raymond, seu amigo de moral duvidosa, a vingar-se de uma amante, escreve uma carta que atrai a moça para o local, onde ela é covardemente surrada. Sr.Meursault testemunha a favor do amigo.
Meses depois, numa praia, dispara cinco tiros mortais contra um árabe. É preso, julgado, condenado à morte. Guilhotina.
Quais os motivos que conduziram Mersault a cometer um homicídio?
O próprio assassino afirma que o sol estava forte demais, por isso ele atirou. O júri condena Mersault não por ter arrancado a vida de alguém, mas, sobretudo, por não ter chorado no enterro da mãe. O promotor avisa: “...acuso este homem de ter enterrado a mãe com um coração de criminoso.”(p.99). Mersault é um homem absurdo.O que seria então o absurdo? É o sentimento que afasta o indivíduo do mundo em que vive, tornando-o um estrangeiro, ou um inseto, ou ainda um homem cuja condenação é morrer feito um cão por um crime que nunca cometeu. Se isso é negativo ou positivo? Não interessa. O absurdo não se perde em divagações acerca do bem e do mal, se Deus existe ou não. Por que Meursault não se sente culpado? Por causa de sua “inocência irreparável (...) que lhe permite tudo.” (idem, p.65) Por que não justifica seu crime de maneira compreensível? Porque “quer saber se é possível viver sem apelação.” (idem, p.65) E viver sem apelação significa assumir perante a lei o que é evidente: o sol, a arma, a morte. Conjunto de evidências que o conduzem ao homicídio e transformam suas explicações em motivo de condenação.
Não houve premeditação do crime, o árabe assassinado era inimigo de Raymond e não de Meursault. Dominado por uma linguagem simbólica, sol e calor excessivo, o discurso da personagem é tomado pelo acaso, posto que "[...] viera para cá sem pensar nisso” com o desejo de "[...] reencontrar a sombra e seu repouso” (p.62) e por mágica surge o árabe. Esse homem é despersonalizado, transforma-se em mais um elemento perturbador da natureza, como aquele terrível sol. Meursault, envolto por uma linguagem de signos que o transcende, atordoa-se com o calor, pois “Havia já duas horas que o dia não progredia, duas horas que lançara âncora num oceano de metal fervilhante” (p.62).
Há duas horas, isto é, após o último encontro com o árabe, o tempo sofrera uma parada. Era necessário fazer algo para que o tempo voltasse a passar, romper “o equilíbrio do dia” e mais: se livrar de tanto calor, se vingar daquela natureza hostil que castigava sua pele e seus sentidos. O que faz Meursault? Atira contra o árabe, que não é um homem e sim uma “objeto” tão irritante quanto o sol, “...o mesmo sol do dia em que enterrara mamãe, e, como então, doía-me sobretudo a testa, e todas as suas veias batiam juntas debaixo da pele” (p.63). O primeiro tiro representa uma tentativa de se ver livre daquela agonia crescente a que o sol e o calor o submetem “...sacudi o suor e o sol.” (p. 63). Os outros quatro tiros seguem a mesma orientação: acabar com a agonia, mesmo que para isso fosse preciso atirar num “...corpo inerte, em que as balas se enterravam sem que se desse por isso.” (p.63)
Em suma, os cinco tiros de Meursault gritam para o mundo a angústia de um homem entregue àquele que pode ser seu maior inimigo: o livre arbítrio.

CAMUS, Albert. O estrangeiro. Trad.: Valerie. Rio de Janeiro: Record, 1957.
______________. O mito de Sísifo. Tradução de Ari Roitman e Paulina Watch. Rio de Janeiro: Record, 2004.



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