Doidinho
(José Lins do Rego)
Neste segundo livro da série "Ciclo da Cana-de-açúcar", Carlinhos passa a ser Carlos de Melo. A vida alegre e protegida na fazenda Santa Rosa, do Avô Coronel Zé Paulino, é deixada para trás. O prestígio político-econômico de seu Avô latifundiário, não fará diferença neste novo "lar" do menino Carlinhos. Carlos de Melo é agora, neste internato de Itabaiana, cidade situada no interior da Paraíba, um garoto comum, exposto à cruel pedagogia da violência usada nas escolas do passado, no Brasil. A fama do I.N.S.C. Instituto Nossa Senhora do Carmo era de "Colégio rigoroso, último recurso para meninos sem jeito". Entre os colegas de internato, ganha o apelido de Doidinho devido ao extremo nervosismo, impaciência, pressa, ansiedade, e um pouco de depressão que o fazia chorar à toa. Ao chegar no Colégio, Doidinho, embora fosse quase um adolescente, não sabe ler. O grande atraso em relação à alfabetização se deve ao fato de, mais uma vez, ser protegido na fazenda e de lhe fazerem as vontades. Um desses caprichos era o de não querer aprender as letras. Esse atraso aliado ao nervosismo que lhe faziam borrar os cadernos (nos tempos da caneta tinteiro e mata-borrão) eram os principais motivos para levar os "bolos" dados com a palmatória. Carlos vive muitas situações emocionantes, como é muito peculiar a este escritor que mistura um pouco de ficção, com muito de autobiografia. Em uma desses situações, Maciel, Diretor e Professor do Colégio, lhe ridiculariza em frente os demais colegas, lendo para todos uma carta de amor escrita pelo Doidinho para a amada Maria Luisa. O castigo ainda é maior quando leva seis "bolos" nas mãos e fica durante a tarde toda em cima da cadeira virado de costas para a menina. Um momento estimulante da leitura: Doidinho volta a ser Carlinhos quando vai passar as férias na fazenda.
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