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O Compadre Pobre e o Compadre Rico
(Contos do Brasil)

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Um homem era muito pobre e muito preguiçoso. Sempre que sua mulher o mandava trabalhar ele respondia:- Eu não. O que tiver que ser meu para minhas mãos virá.E ia pelas ruas a malandrear e beber cachaça. Um dia, ele pegou uma rede foi para o mato, armou-a e deitou-se, a fim de dormir. Pegando no sono, sonhou que Nossa Senhora chegou junto da rede e lhe deu um cacho de bananas, que quanto mais banana se tirava, mais banana nascia, recomendando:- Não passe com esse cacho pela casa do seu compadre rico.Ele acordou, e, abrindo os olhos, viu um cacho de bananas perto da rede. Para saber se o sonho estava certo, tirou uma banana e comeu. Nasceu logo outra. Tirou uma porção de bananas e outras foram nascendo imediatamente, ficando o cacho perfeitinho. Muito contente, exclamou:- Eu não disse que o que fosse meu viria às minhas mãos?!Mais que depressa correu para casa. Passando pela do compadre rico, sem se importar com a recomendação de Nossa Senhora, ao chegar-lhe à porta, gritou:- Compadre, estou rico!- Já vem você com as suas maluquices, seu bêbado preguiçoso?- Não, meu compadre. Quer ver? Olhe. Este cacho de bananas quanto mais banana a gente tira dele, mais banana nasce.- Pois eu quero ver isso - duvidou o compadre rico.O homem tirou uma banana, nasceu outra; tirou uma, nasceu outra; tirou uma, nasceu outra. Então o rico começou a conversar com ele e a dar-lhe bebida. Quando o homem ficou tonto e caiu no sono, ele pegou no cacho de bananas, guardou, e buscando outro na despensa, botou no lugar. Quando o pobre acordou, apanhou o cacho e foi embora. Chegando perto de casa, gritou:- Mulher! Estamos ricos!- Venha - respondeu ela zangada – Lá vem você com as suas besteiras!
- Olhe - disse arriando o cacho - a gente tira uma banana deste cacho e logo nasce outra.Os filhos do casal avançaram e comeram as bananas todas, não nascendo uma só. A mulher foi em cima dele com um pau, e desceu-lhe no lombo.No outro dia, o homem foi outra vez armar a rede no mato. Sonhou ter Nossa Senhora lhe dado uma toalha, que quando se estendia na mesa, dizendo “ pôe-te, mesa”, apareciam comidas fartas e variadas. Nossa Senhora novamente recomendou que não passasse pela casa do compadre rico. Mas ele passou. O compadre embriagou-o e trocou-lhe a toalha.
Chegando em casa, estendeu a toalha na mesa começando:
- Põe-te, mesa... põe-te, mesa... Não apareceu nem um grãozinho de farinha. A mulher partiu para cima dele, de cacete.No terceiro dia, ele tornou a ir ao mato e Nossa Senhora deu-lhe uma bolsa cheia de dinheiro. Quanto mais dinheiro se tirava, mais dinheiro aparecia. Não se importou ainda com a recomendação de Nossa Senhora, passando pela casa do compadre rico que lhe trocou a bolsa, como das outras vezes.
Chegando em casa, já se sabe, a bolsa estava limpinha e ele apanhou novamente.No quarto dia, tornando a ir dormir no mato, não sonhou. Quando acordou, lamentando Nossa Senhora não ter lhe dado nada, levantou-se, espreguiçou-se, desatou a rede e apanhou o chapéu que estava no chão. Quando foi botando o chapéu na cabeça, tinha um chicote de couro, bem fino, enroladinho dentro, que foi desenrolando-se e caindo em cima dele, dando-lhe lambadas a torto e a direito, por todas as partes do corpo. Quando já estava mole de tanto apanhar, lembrou-se de dizer:- Basta chicote!O chicote se enrolou e entrou para o fundo do chapéu. O homem correu para a casa do compadre rico que, mal o viu ao longe, foi logo gritando, já muito alegre:- Oh, meu compadre, o que é que temos hoje de novo?- Hoje - respondeu - temos uma coisa muito boa, aqui dentro deste chapéu.Foi dizendo isso e botando o chapéu na cabeça do compadre. O chicote desenrolou-se, caindo sobre ele sem dó: - lépete, lépete, lépete... O homem chorava, berrando mais do que bode:- Me acuda, compadre... me acuda...E o chicote lambando sem piedade. Quando o pobre viu que o compadre estava bem estragado, disse-lhe que só mandava o chicote parar se ele entregasse, naquele momento, o seu cacho de bananas, a sua toalha e a sua bolsa. O rico mandou buscar tudo e entregou ao compadre. Então, este disse:- Basta, chicote.O chicote parou imediatamente. Chegando em casa sem nada dizer, foi botando o chapéu na cabeça da mulher e o chicote foi-se desenrolando e caindo-lhe no lombo com vontade. Ela botou a boca no mundo, desesperada. O marido aí lhe disse:- Isto é em paga das cacetadas que você me deu.Quando viu que a mulher estava bem castigada, mandou o chicote parar. Então foi viver descansado, com o seu cacho de bananas, a sua toalha e a sua bolsa.



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