Confissões De Uma Máscara
(Yukio Mishima)
CONFISSÕES DE UMA MÁSCARA YUKIO MISHIMA Mishima é um dos mais famosos autores japoneses do pós-guerra, tanto pela maneira de escrever quanto pelas suas idéias. Nascido em 14 de janeiro de 1925, formou-se em direito em 47 e logo depois largou a profissão para dedicar-se à carreira de escritor. Confissões de uma máscara, escrito em 49, é sua estréia como escritor. Já escritor famoso, Mishima fez uma viagem à Grécia e despertou-se para o culto à beleza do próprio corpo. Começou a fazer ginástica e a aprender karatê e kendô. Isso o despertou para beleza dos rituais dos samurais e pelas antigas tradições japonesas. Tentou organizar um grupo para reviver as antigas tradições da cavalaria samurai. Em 1970, entrou no quartel das forças armadas em Tóquio, acompanhado por quatro adeptos. Tomaram a sala do comando geral, discursou aos soldados pedindo-lhes que jogassem fora a constituição e voltassem às tradições imperiais do Japão. Diante das risadas dos soldados, Mishima retirou-se, suicidando-se com seus adeptos dentro das formas rituais do sepucu. Confissões de uma máscara é uma espécie de autobiografia narrada na primeira pessoa onde o personagem procura relembrar e refletir sobre coisas que lhe aconteceram desde o seu nascimento, para ser mais exato, desde seu primeiro banho. É difícil acreditar num relato autobiográfico, pois o autor coloca nos julgamentos e reflexões de uma criança coisas que jamais passariam pela mente de alguém com tão tenra idade. Mas ao ler a obra de Mishima, o leitor se vê diante de um esteta, onde a verossimilhança da narrativa vem em segundo plano. O que importa mais é a plasticidade dessa narrativa, o seu aspecto estético. O personagem, logo nos seus primeiros dias de vida é reclamado pela avó e passa a dividir o quarto com ela. Com tantos cuidados especiais, justificados por uma saúde debilitada, torna-se uma criança solitária, sem poder conviver como uma criança normal no convívio com outros garotos. Interessa-se muito cedo pela arte e descobre uma predileção pelas figuras masculinas expostas nos livros que tinha ao seu alcance. Começa a cultivar, também, um estranho prazer nas gravuras onde aparecem os heróis sendo mortos, muitos desses são figuras de samurais, e seu sangue sendo derramado pelos golpes fatais. Masturba-se pela primeira vez e tem sua primeira ejaculação ao contemplar a figura de São Sebastião amarrado a um tronco e tendo seu corpo trespassado por lanças. O corpo bem definido daquele soldado romano executado por causa de sua conversão ao cristianismo será o seu ideal de perfeição. A partir desse fato, o personagem percebe que ele não é como as demais crianças de sua idade. Sua primeira paixão é um colega do segundo ano primário. Era um colega um pouco mais velho que os demais garotos da classe por causa das diversas repetências. O garoto já em plena puberdade enchia-o de desejos obscuros para uma criança de sua idade e seu maior desejo era ver aquele colega de corpo nu. Sabendo que esses sentimentos não eram aceitos pela sociedade, o personagem opta por interpretar uma outra pessoa, daí o título do livro, pois ele se via o tempo todo usando uma máscara para encobrir o verdadeiro eu. Ao 18 anos conhece uma irmã de um colega, Sonoko, que despertara sua atenção ao ouvi-la tocar piano enquanto passava diante de sua casa. Começou a encontrar-se com a garota. Viaja com sua família para encontrar-se com o irmão que havia sido convocado para a guerra, o ano é 1945, e nesse primeiro encontro mais longo simula estar gostando dela além dos termos da simples amizade. A família da garota é obrigada a evacuar-se do centro de Tóquio por causa dos bombardeios aéreo e vai para o subúrbio. Ele começa a visitá-la e ter maiores momentos a sós com ela em passeios pela redondeza. Numa dessas visitas resolve que a beijará. Embora não sentisse o menor interesse sexual pela garota, achava que beijá-la era a obrigação de um namorado normal. Aliás, essa normalidade era o seu grande dilema, e para issoo usava sua invisível máscara. Questionado, em carta, pelo irmão da garota sobre suas reais intenções e perguntando sobre uma data para o provável casamento, desculpa-se alegando a pouca idade e os estudos por terminarem. Passa a conviver com rapazes de sua idade, a ir a festas e bailes, mas nunca se sente como os demais. Quando o assunto era mulher, e sempre o assunto era sobre mulheres, ele procurava sempre as evasivas. Desafiado um dia por um rapaz a ir numa casa de prostituição, aceitou o desafio. Seu encontro com a prostituta foi decepcionante em todos os aspectos e o encontro resultou num grande fracasso. Mesmo diante da evidente constatação de sua preferência pelo sexo oposto, não desiste de mostrar-se uma pessoa normal como as outras pessoas. Num encontro casual com Sonoko, sua antiga namorada, que agora está casada e vivendo muito bem com seu marido, insiste para que se encontrem ocasionalmente para conversarem como amigos, encontros sem sentido algum, mas que lhe mantinha, de alguma maneira, a máscara que usava para esconder a verdadeira pessoa que existia dentro de si.
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